
O kitesurf vem em uma crescente mundial após uma estreia de sucesso total nas Olimpíadas de Paris, em 2024, e também já está confirmado para os Jogos de 2028, em Los Angeles. Só que, apesar de estar se destacando mais nos últimos anos, o esporte já tem uma longa trajetória e, para o Brasil, ela é muito bem representada por Pedro Matos.
O carioca foi campeão mundial em 2016, com apenas 18 anos, e de lá pra cá seguiu fazendo história, conquistado o Campeonato Sul-Americano e Brasileiro, além do 3º lugar do Mundial nas últimas três edições. Agora, ele quer ir ainda mais longe e representar o país em Jogos Olímpicos, mais precisamente no kitewave, sua modalidade.
E, para contar um pouco mais sobre a sua história nesse mundo esportivo, Pedro Matos conversou em entrevista exclusiva com o MASSA!, contando sua trajetória desde os primeiros passos, passando pelo momento atual, e projetando o seu futuro e do kitesurf.
Como você explicaria o kitesurf para o público?
Pedro Matos - O kitesurf é um esporte aquático radical que combina alguns elementos do surfe, wakeboard, windsurf e do parapente. No kitesurf usamos uma prancha presa aos pés e uma pipa (kite), que é controlada com uma barra ligada ao corpo por um trapézio. A minha modalidade, que é o kitewave, é mais focada em surfar as ondas usando o kite como propulsão.
Você começou no surfe, quando migrou para o kitesurf?
PM - Comecei a surfar ainda criança e desde então foi um amor à primeira vista. No início, cheguei a treinar jiu-jitsu com a minha irmã e também disputei campeonatos jogando tênis, porém minha paixão pelo mar sempre falou mais alto. Como aqui no Rio, a depender da hora, o mar ficava muito mexido por causa dos ventos, enxerguei o kitesurf como uma alternativa para continuar dentro da água. A Praia do Postinho, na Barra da Tijuca, é um ponto famoso para a prática do kite e foi um berço para mim. A partir dos meus 12 anos, decidi que queria velejar, e depois o resto é história. Fiquei apaixonado pela modalidade e hoje é ela que me permite sonhar no esporte.
Como é representar todo o Brasil não só em uma competição, mas sendo o principal nome do esporte?
PM - É uma satisfação imensa estar entre os melhores, nós batalhamos e trabalhamos muito para podermos chegar nesse status. Assim como eu, também há outros grandes brasileiros no kitesurf, então é importante estarmos no topo para consolidarmos cada vez mais o kitesurf como um esporte de grande relevância, principalmente no Brasil.
Sua família é muito ligada com esportes, qual foi a importância de ter crescido nesse ambiente, visto sua carreira até aqui?
PM - É fundamental ter exemplos tão vitoriosos ao meu lado. Minha família é e sempre será a minha referência, independente se estiverem ou não ligados ao esporte. Claro que por estarem dentro deste meio acaba sendo um facilitador, e isso é um privilégio. Minha mentalidade vencedora vem de berço, e pelo histórico familiar, a responsabilidade é grande. Mas eu gosto dessa sensação e eu sempre tive o apoio deles para ser o melhor.
O kitesurf e o próprio surfe viraram sua ferramenta de trabalho, quando você está de férias, o que gosta de fazer? Se desliga do mar ou continua nesse ambiente?
PM - Pra mim é muito difícil estar longe do mar pois é algo que eu amo, adoro estar em contato com a natureza. Sempre que possível, estou fazendo algo ao ar livre. Mas além disso, gosto de compor canções e escrever algumas músicas. Toco violão desde pequeno e tenho isso como um hobbie. Também gosto de ler livros, principalmente sobre mentalidades vencedoras no esporte, isso acaba me ajudando nas disputas dos campeonatos e a ser um atleta de alto nível cada vez melhor.

Recentemente você venceu a etapa do Circuito Mundial em Cabo Verde, qual foi a sensação de ter levado o título?
PM - Foi uma sensação especial, principalmente por ter me tornado o primeiro brasileiro a vencer esta etapa, onde até então havia um domínio dos cabo-verdianos. É muito importante começar o ano com essa vitória. Além de ter sido extremamente disputado, com adversários como o Airton Cozzolino e o Gabriel Benetton, essa conquista levanta a nossa moral para os próximos desafios que virão pela frente. Espero que seja a primeira vitória de muitas, pois a meta ao final do ano é voltar a conquistar o Campeonato Mundial.
O kitesurf estreou nas Olimpíadas em 2024, mesmo que em uma modalidade diferente da sua. Como você vê a entrada do esporte nos Jogos Olímpicos, e espera ver o kitewave também por lá?
PM - Eu penso que só temos a ganhar. O Brasil, assim como no surfe, está bem servido no kitewave e ano após ano estamos demonstrando isso. Atualmente, temos três brasileiros no Top 10 e dois no Top 2 mundial, contando comigo. Já tivemos anteriormente o surfe ganhando esse destaque, o skate com duas modalidades, então seria bacana ter o kitesurf sendo representado por mais modalidades. Acho que não só eu, mas todo atleta sonha em um dia poder estar representando o seu país nos Jogos Olímpicos.
Você ainda tem algum grande sonho ou meta a atingir no esporte?
PM - Como atleta, sempre almejo estar no topo. Então, meu grande objetivo nesta temporada é voltar a conquistar o mundo.
Você tem quase 200 mil seguidores numa rede social, é um dos principais símbolos do esporte no Brasil, e é inspiração de jovens, qual sua importância?
PM - Como havia dito, é gratificante poder representar o kitesurf como um dos melhores atletas da modalidade. É importante não só para mim, mas para os brasileiros e também para a modalidade do kitewave. Espero que a minha história possa inspirar os jovens a ingressarem no esporte, especialmente no kitesurf.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana