Na busca pela inclusão e superação dos desafios do espectro autista, os irmãos Márcio Silva, 12 anos, e Esther Victória, 9, estão deixando suas marcas no mundo do karatê. Representando a Federação Baiana de Karatê Kyudoshin (FBKK) e participando ativamente do projeto social Humana Karatê, estes jovens atletas têm conquistado títulos nacionais e sonham em alcançar o reconhecimento internacional.
“A escola dele, devido à condição de autista, sugeriu colocar ele no karatê. Para desenvolver habilidades de interações sociais, de integração. Enfim, desenvolver aspectos cognitivos emocionais, que ele não vinha desenvolvendo”, detalha ao MASSA! a mãe da dupla, Elaine Cristina Silva, de 44 anos, sobre o início da jornada de Márcio no esporte, em 2018.
Já Esther também começou em 2018, como uma atividade extra. Contudo, quando ela entrou no processo de investigação, foi descoberto que, assim como o irmão, estava dentro do espectro autista e o esporte passou a ser um verdadeiro aliado. “Eles melhoraram o déficit de atenção e principalmente as questões comportamentais e de interação social. Eram crianças que não interagiam, não brincavam, nem queriam sair da sala no recreio. Hoje já interagem com os colegas”, lembra a mãe.
Além da melhora nesses aspectos, os dois também conseguiram grandes resultados nos tatames, competindo nas categorias abertas e não como paratletas. Márcio, que é faixa verde, é bicampeão brasileiro e já levou o bronze nacional uma vez. Ele também é bicampeão baiano e, em 2020, alcançou o 37º lugar no ranking mundial. Enquanto isso, Esther, que atualmente é faixa vermelha, é a atual campeã baiana e brasileira, e está em busca por posição nos rankings pan-americano e mundial.
“Eles levam o karatê com muita leveza, mas também com muita responsabilidade. É algo que faz parte do processo de desenvolvimento deles. Uma peça fundamental na vida deles, talvez até mais do que as terapias”, pondera a mãezona Elaine.
Mestre por trás do sucesso
A grande evolução cognitiva e o sucesso esportivo de Márcio e Esther se devem ao acolhimento e grande trabalho feito por todos no projeto social Humana Karatê, no bairro de Castelo Branco. A iniciativa tem como mestre Itamar Judson Pereira dos Santos, professor dos dois irmãos desde o começo, que já tem 33 anos de carreira no mundo do karatê. “Eles chegaram tímidos com pouca socialização, percebi até um receio por ser um esporte de luta. Mas em curto período conseguimos fazer com que eles tivessem boa interação com a turma”, lembra o Mestre Itamar.
“Para existir essa boa socialização em sala eu sempre preparo atividades em equipe e duplas. Os dois são alunos com facilidade na aprendizagem, comprometidos, dedicados, que demonstram amor pelo esporte”, completa o professor.
Próximos desafios e como ajudar
Os próximos passos de Márcio e Esther no mundo do karatê serão dados nos dias 24 e 25 de novembro, quando disputarão o Campeonato Mundial de Karatê. Os dois também foram convidados para competir no Pan-Americano, em Olinda, no Recife, que acontecerá em dezembro deste ano. Este, inclusive, é um campeonato importante que classifica os oito primeiros colocados para o Sul-Americano de 2024, no Chile.
Porém, a participação de ambos nas competições ainda não é certa. A família não dispõe de tantos recursos financeiros para bancar os custos das viagens. “Cada viagem custa em média R$ 8 mil. É um grande desafio encontrar patrocinadores. Então tudo é com muita luta, com muito esforço, com muito choro”, destaca Dona Elaine.
Para apoiar Márcio e Esther em suas jornadas no karatê, a família está abrindo espaço para doações. O Pix disponível é (celular) 71 98370-4690, e o e-mail para possíveis patrocinadores entrarem em contato é [email protected].