Histórias de superação no esporte são comuns como água no oceano, já que reverter cenários adversos ou episódios inesperados, por vezes traumáticos, é uma tarefa básica para inúmeros atletas. Para a nadadora baiana Luísa Sugimoto, de apenas 15 anos, não foi diferente. Aos três anos de idade, ela pulou sem boia na piscina e fez sua mãe, Flávia Joaquim, que nem sabia nadar, entrar na água para salvá-la. O episódio foi o estopim para colocar a garota na natação e, assim, iniciar a carreira da jovem atleta.
Hoje em dia, nadando em águas abertas ou piscinas, Luísa já parece não sentir o peso das 44 medalhas conquistadas em 2024. “Eu acho que me motiva a continuar treinando, aprender mais sobre o meu corpo e até prestar mais atenção. Como eu estou mais velha, presto mais atenção no mar, principalmente que é mais a corrente, não depende só de mim”, detalhou a jovem atleta em entrevista ao MASSA!.
Luísa também reafirmou a imprevisibilidade da natação em águas abertas em relação à piscina como grande diferença entre as modalidades. “Essa é a principal diferença, porque nas águas abertas não depende só de você, depende de sol, chuva, neblina, mar, vento. Isso faz cada prova ser diferente, isso é muito legal, porque você conhece novas experiências. Na piscina, meu técnico sempre diz que é você e você ali, porque é uma raia que delimita onde você vai nadar, então não tem o que desviar o percurso”, detalhou.
Mas foi no cenário imprevisível das águas abertas que a baiana já se acostumou a subir em pódios. Na primeira participação internacional, na Copa Pacífico de Águas Abertas, realizada em agosto no Equador, ela foi vice-campeã da prova de 5km e campeã do revezamento 4x1500m, além de ter sido peça fundamental na vitória do Brasil na competição por seleções. Já em Alghero, na Itália, no Mundial Júnior, foi a 27ª colocada, sendo a segunda melhor sul-americana da prova. Além de membra da seleção da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e do Yacht Clube, Luísa terminou 2024 como segunda colocada no ranking estadual da categoria Juvenil.
Influência na vida pessoal
Em 2025, Sugimoto entrará no primeiro ano do ensino médio e, até aqui, tirou de letra a conciliação das rotinas de estudante e de atleta. “Gosto dessa correria, essa rotina, ir para escola, treinar, voltar para casa e treinar de novo. Eu presto bastante atenção nas aulas, o que é muito importante para não precisar ficar estudando tanto em casa”, destacou a jovem nadadora sobre como concilia o esporte com os estudos.
Professor e incentivador
Um dos maiores incentivadores de Luísa é o seu treinador, Luís Rogério Arapiraca, que tem grande currículo nas piscinas e fora delas. Campeão de Jogos Sul-Americanos e recordista continental, ele também já treinou a baiana Ana Marcela Cunha, um dos maiores nomes da natação brasileira. Hoje, treina também Lízian Simões, atual campeã mundial na categoria Júnior e amiga de Luísa. “A relação entre as duas é muito bacana. Eu acho que Luísa trouxe aquele desconforto necessário para Lízian no treino, e Lízian traz um pouco da maturidade para a Luísa”, analisou.
“Luísa tem um potencial muito grande, ela é uma atleta diferenciada pela dedicação, se esforça bastante, é bem rigorosa com ela mesma e com tudo que tem que fazer no treinamento: chegar no horário, treinar, fazer preparação física. Isso é um diferencial muito grande, é uma menina que acredita e quer muito, Luísa quer muito dar certo, por isso que vem colhendo frutos”, completou o professor.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana