O jornalista Marcelo Sant’Ana, de 42 anos, é o quinto e último entrevistado da série especial com os candidatos à presidência da Associação do Bahia a bater um papo exclusivo com o MASSA!. Integrante da chapa ‘Do Povo um Clamor’, ele tem o advogado e conselheiro do clube, Rogério Gargur, membro da Revolução Tricolor, como postulante à vice-presidente.
Sant’Ana já foi presidente do Bahia de 2015 até 2017. À frente do time, conquistou, além de um Campeonato Baiano (2015) e um Nordestão (2017), a marca de melhor campanha da história do Esquadrão na era dos pontos corridos. Na ocasião, em 2017, o Tricolor encerrou a Série A do Brasileirão com 45,5% de aproveitamento. Também foi na gestão dele que o clube tomou posse do CT Evaristo de Macedo.
Durante o bate-papo, o candidato se apresentou à torcida e explicou o que pretende fazer à frente do Bahia novamente, caso seja escolhido pelos sócios na eleição presidencial de amanhã, na Arena Fonte Nova. Além disso, Marcelo detalhou quais os motivos para os tricolores o elegerem.
Confira a entrevista completa:
Quem é Marcelo Sant’Ana?
MS - Meu nome é Marcelo Pereira Sant'Ana, tenho 42 anos, sou baiano de Salvador, apaixonado pelo Bahia desde a infância. Esse clube que é o clube dos meus amigos, dos meus familiares, o maior clube da minha cidade. Tenho formação em comunicação social, com habilitação em jornalismo, pela UFBA e pela Universidade Santiago de Compostela da Espanha. Tenho MBA em Marketing Branding, cursos de gestão esportiva, gestão do futebol e outro de gestão do futebol, fiz duas vezes: um antes de entrar no Bahia e outro em 2018, logo após deixar o clube. Deixar o clube que fui presidente de 2015 a 2017, quando a gente fez um trabalho de reorganização administrativa financeira. Recuperamos o patrimônio do Bahia, Fazendão, Cidade Tricolor, terreno do Jardim das Margaridas, conquistamos todas as certidões negativas de débito, estadual, municipal e federal, que permitiu à época o Bahia ter o patrocínio da Caixa e hoje permite ter projetos incentivados. Devolvemos a dignidade aos funcionários, a credibilidade do Bahia ao mercado, fomos citados, por exemplo, em relatório de consultor do Itaú, como um dos cinco clubes que ele recomendaria o investimento se tivesse ação na bolsa de valores. Pela transparência, pela governança corporativa, pela recuperação administrativa e financeira. Tive a felicidade de ser campeão baiano, devolver o Bahia à Série A, ser campeão do Nordeste e fazer a maior pontuação do Bahia nos pontos corridos também.
Partindo deste novo momento dentro do clube, qual a importância do apoio financeiro que a SAF presta para a Associação e, caso seja eleito, quais são os seus planos à frente do Bahia?
MS - O apoio financeiro da SAF ao clube no momento é fundamental. Segundo as informações que a gente tem acesso, a previsão de orçamento do Bahia para o ano que vem é de 4 milhões, 2,5 mi é o repasse da SAF e 1,5 mi referente à mensalidade dos sócios. Temos cerca de 7.800 sócios adimplentes com condição de voto, por exemplo, na eleição do sábado. Então a gente tem que aumentar a receita da associação e diversificar as fontes de renda, projetos incentivados, botar o Bahia para aderir ao comitê brasileiro de clubes e permitir que ele se beneficie de loterias esportivas dessa fonte de arrecadação, criar eventos e conteúdos que gerem valor à marca e receita também, discutir com a SAF uma questão de uma linha de produtos, que é permitido ao Bahia explorar a sua marca, mas que de preferência não tem a concorrência com a Esquadrão. Então a gente tem que aumentar e diversificar as fontes de receitas do clube.
Qual o maior desafio de quem vai assumir a Associação?
MS - São vários os desafios da nova diretoria executiva para esse ciclo de 2024 a 2026. Eu divido o trabalho em duas frentes: uma é dentro do departamento de futebol, garantir o fiel cumprimento do contrato junto ao Grupo City e ser um facilitador do relacionamento institucional do City dentro do mercado do futebol brasileiro, com CBF, federações, outros clubes, emissoras de televisão, agência de marketing esportivo, poder público, iniciativa privada, melhorar do outro lado a comunicação da associação com o torcedor, com o sócio, ser mais proativa, ser mais transparente. Por exemplo, o City tem seis meses já de operação, a SAF, não se tem uma informação de qual percentual de dívidas que já foi pago, uma sinalização do investimento na aquisição de atletas, de folha salarial, se as cláusulas contratuais estão realmente sendo cumpridas, porque quando você dá transparência, você aproxima a SAF, você aproxima o parceiro do clube e do torcedor, todos ganham com essa transparência, independentemente do resultado de campo, que tem sido duro nesse primeiro ano. A associação, o clube, também terá um papel no desenvolvimento de uma linha de produtos para aumentar o faturamento, jogos eletrônicos, que são os e-sports, um ponto de ligação com o público jovem e um potencial de receita também muito interessante se a gente olhar o médio e o longo prazo. Então são muitos desafios que a nova diretoria tem que cumprir.
O que pretende fazer quanto a captação de recursos financeiros e em qual modalidade pretende integrar logo de início (caso essa seja a ideia)?
MS - Hoje o clube, o Bahia, ele tem basicamente duas fontes de receita: o repasse do City/SAF e a mensalidade dos sócios. A previsão de orçamento 4 milhões anos que vem com duas fontes de receita. A gente tem que ampliar essas fontes de faturamento do clube. Fazer projetos incentivados, buscar patrocinadores privados, desenvolver uma linha de produtos, melhorar o plano de sócios e reconfigurar esse plano de sócios. Por exemplo, o Sócio Esquadrão, o plano atual da SAF, foi criado na nossa administração em outubro de 2015. O software utilizado até hoje é o mesmo software. Os canais de pagamento, os meios de pagamento também são muito similares e é um plano que veio crescendo e veio se modernizando durante o tempo. O clube tem que ter um plano eficiente de sócio, o Bahia tem que estar afiliado ao Comitê Brasileiro de Clubes para ter perspectiva de outras fontes de receita, como as loterias, então é um trabalho amplo que tem que ser desenvolvido, com responsabilidade, com profissionalismo, para que a associação passe a um patamar financeiro que permita entrar de maneira mais firme e competitiva em outros esportes principalmente.
Sua gestão tem plano de explorar os esportes olímpicos?
MS - Fincar a bandeira do Bahia como um clube olímpico e social é uma das responsabilidades da nova diretoria executiva. Em paralelo, as questões que envolvem o futebol, onde o City é quem faz a gestão do dia a dia, é quem faz a operação, é quem contrata, é quem assina. Mas o Bahia tem um papel no Conselho de Administração determinante também, importante, que deve ser valorizado. Sobre os outros esportes, esportes olímpicos, a gente trabalha ele em três pilares. Existe o alto rendimento, o competitivo, oportunidades de mercado específicas, como a produção de eventos e conteúdos, ou a busca por visibilidade mídia, que é um aporte ou uma parceria pontual com atletas ou eventos. O esporte olímpico, de maneira competitiva, ele demanda um investimento um pouco maior, demanda a infraestrutura física, uma composição maior de comissão técnica, perfil multidisciplinar de profissionais, então é algo que a gente vislumbra a partir do segundo ou terceiro ano. No primeiro ano de retorno mais imediato, eu tenho sinalizado como exemplo o Circuito Bahia de Corridas de Rua, onde a gente faça uma prova em Pituaçu, uma prova na Fonte Nova, onde a gente possa agregar um novo conteúdo à nossa marca, a gente possa dar descontos para os sócios, variáveis a partir do tempo que eles têm de associação e possa fazer venda de produtos. Então você consegue agir em três esferas dentro de um único evento. E oportunidades pontuais aproveitando a Olimpíada do ano que vem como um trabalho que já se faz, por exemplo, com Hebert, no boxe, ou com a Ana Marcela nas maratonas aquáticas que pode ser intensificado.
Você tem apoio da atual gestão?
MS - Nós não temos o apoio da atual diretoria, seja do presidente Guilherme Bellintani ou do vice-presidente Vitor Ferraz. O grupo político do presidente Guilherme Bellintani, que é o Simplesmente Bahia, está representado na chapa de outro candidato, que é o candidato a vice-presidente Paulo Tavares, junto com o candidato a presidente Emerson Ferretti.
Por que o sócio deve votar em você?
MS - Primeiro, fico muito feliz em ser um dos cinco candidatos a presidente do Esporte Clube Bahia. Isso mostra a força desse clube, a força dessa marca dentro do futebol brasileiro. Agradeço a imprensa por estar estimulando esse debate, oferecendo espaço. Acredito que o trabalho que fizemos de 2015 a 2017 passa confiança ao torcedor. O torcedor conhece nossa capacidade de gestão, conhece nossa índole, conhece o caráter dessa chapa. Tenho como vice-presidente o Rogério Gargur, advogado, dois mandatos como conselheiro do Esporte Clube Bahia, uma pessoa que participa da vida política do Bahia há um bom tempo, sabe dos bastidores desses últimos anos porque esteve como conselheiro. E as ideias que temos apresentado para o futuro do Bahia nos dão a confiança de poder colocar esse clube mais uma vez num caminho correto, num caminho adequado, que traga alegria e orgulho para todo torcedor tricolor.