Nadson Rodrigues de Souza, popularmente conhecido como Nadgol, saiu de Serrinha, no interior do estado, para se tornar o maior artilheiro das categorias de base do Vitória, com impressionantes 285 gols. Pela equipe principal do Leão, protagonizou momentos icônicos, como os três gols em 15 minutos numa virada contra o Bahia e os quatro gols na goleada por 7 a 2 sobre o Palmeiras, pela Copa do Brasil, e também foi campeão baiano em 2003 e 2009 e do Nordeste em 2003. Ao longo da carreira, virou ídolo no futebol sul-coreano, e defendeu outros clubes brasileiros, incluindo o Bahia, sendo figura importante para a permanência do Esquadrão na Série B do Brasileirão de 2009.
Hoje, ele continua sua trajetória de sucesso no futebol, mas na formação de jovens atletas. Dono da Nadgol Academy, vem atuando como dirigente do Estrela de Março, clube que, em 2024, fez campanhas de destaque nos Campeonatos Estaduais de base e garantiu classificação inédita para a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2025. Em conversa com o MASSA!, Nadgol relembrou um pouco da sua trajetória nos gramados e comentou sobre o grande ano e planos para o futuro do time rubro-verde baiano.
Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao sair de Serrinha para buscar espaço na base do Vitória e, posteriormente, se firmar no time profissional?
Nadson - O maior desafio foi me adaptar a uma nova realidade. Sair de Serrinha, uma cidade pequena, e chegar a Salvador significou lidar com uma rotina intensa de treinos, longe da família e dos amigos. A competitividade era alta, e eu sabia que cada treino era uma oportunidade única de mostrar meu valor. No time profissional, a pressão aumentou ainda mais, mas isso só me motivou a trabalhar duro para conquistar meu espaço.
Qual momento da sua carreira você considera mais marcante?
Nadson - Sem dúvida, os três gols contra o Bahia em 15 minutos foram especiais, por toda a rivalidade e pelo impacto que aquele jogo teve na minha trajetória no Vitória. Mas os quatro gols contra o Palmeiras também foram incríveis, pois mostraram o nosso poder de reação e a força da equipe naquele ano. Cada momento tem um lugar especial na minha memória, mas se eu tivesse que escolher, o clássico Ba-Vi foi único.
Como você avalia sua trajetória no Suwon Bluewings, onde se tornou ídolo e conquistou vários títulos?
Nadson - Minha passagem pelo Suwon Bluewings foi muito marcante. Ser reconhecido como ídolo em outro país, com uma cultura tão diferente, é um orgulho imenso. Conquistei títulos importantes lá, como a Liga dos Campeões da Ásia, e vivi momentos inesquecíveis. Embora eu tenha tido grandes momentos no Brasil, posso dizer que meu auge foi no futebol sul-coreano, pela regularidade e impacto que tive dentro e fora de campo.
Cria da base e campeão do Baiano em 2003 e 2009 e do Nordeste em 2003 sempre sendo artilheiro, você é muito querido e identificado com a torcida do Vitória, mas também defendeu outros clubes brasileiros, como Bahia e Corinthians. Qual é a sua relação com essas equipes, especialmente com o Tricolor, um dos principais rivais do Vitória e que você marcou muitos gols contra?
Nadson - Minha identificação com o Vitória sempre foi muito forte, e tenho um carinho enorme pelo clube e pela torcida. Quanto ao Bahia, foi uma experiência importante na minha carreira. Mesmo com a rivalidade, sempre mantive o respeito, e jogar pelo Bahia foi uma oportunidade de mostrar meu profissionalismo. Já o Corinthians me deu a chance de atuar em um dos maiores clubes do Brasil e crescer ainda mais como atleta.
Olhando para sua trajetória, há algo que você gostaria de ter feito diferente ou algum arrependimento?
Nadson - Não tenho grandes arrependimentos, mas acredito que poderia ter investido mais em minha preparação fora de campo, especialmente na questão física e mental, durante os primeiros anos da minha carreira. Isso poderia ter prolongado meu auge e evitado algumas lesões.
Como torcedor do Vitória, qual é a sua opinião sobre o desempenho da equipe na temporada atual?
Nadson - A temporada teve altos e baixos. É claro que esperamos sempre mais, mas vejo potencial para um futuro melhor. O clube tem uma história rica e uma torcida apaixonada, e acredito que, com planejamento e investimentos na base, podemos retomar a posição de destaque no cenário nacional.
Hoje, como alguém que trabalha com a formação de jovens atletas, como você vê o fato de Bahia e Vitória utilizarem pouco os jogadores da base nas equipes principais?
Nadson - É algo que precisa mudar. Temos muitos talentos na base, mas eles precisam de espaço e confiança para crescer. Bahia e Vitória devem olhar para dentro e valorizar mais esses jovens. Afinal, formar e aproveitar atletas locais não é só mais econômico, mas também cria uma identidade mais forte com o clube.
A parceria entre a Nadgol Academy e o Estrela de Março trouxe resultados expressivos. Neste ano, o Rubro-Verde chegou às quartas do Baianão sub-15, à final do sub-17, eliminando o Vitória pelo caminho, e às semis do sub-20. Como você avalia o impacto dessa parceria tanto para a sua academia quanto para o clube baiano?
Nadson - Essa parceria tem sido transformadora. Para a Nadgol Academy, é a chance de mostrar que temos um método eficiente de formação de atletas. Para o Estrela de Março, os resultados falam por si. A combinação de estrutura, treinamento qualificado e visão de longo prazo está dando frutos, e isso nos motiva a continuar investindo.
O bom desempenho do Estrela de Março em 2024 garantiu uma classificação inédita para a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2025. Quais são suas expectativas para a principal competição de base do país?
Nadson - As expectativas são altas. A Copinha é uma vitrine para nossos jogadores, e queremos mostrar que temos qualidade para competir com os grandes clubes. É uma oportunidade incrível para nossos atletas, e estamos trabalhando duro para que o Estrela de Março tenha uma campanha histórica.
Pensando no futuro, quais são os próximos passos para a Nadgol Academy e a parceria com o Estrela de Março?
Nadson - O foco é expandir nossa estrutura, tanto na Nadgol Academy quanto no Estrela de Março. Queremos oferecer mais oportunidades para os jovens e fortalecer ainda mais nossas categorias de base. Os investimentos serão direcionados à formação de atletas e também ao desenvolvimento de um modelo de gestão sustentável, que permita o crescimento contínuo do clube. Nosso objetivo é consolidar o Estrela de Março como uma referência no futebol de base no Brasil.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana