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A Bahia em Paris - 08/06/2024, 08:00 - Clara Oliveira e Larissa Falcão

Das ‘correrias’ à Olimpíada: conheça a trajetória de Bárbara Santos

O Portal MASSA! bateu um papo exclusivo com a pugilista baiana

Bynha conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago
Bynha conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago |  Foto: Reprodução/Instagram/bynha_boxe

O caminho percorrido até hoje pela pugilista baiana Bárbara Santos, ‘Bynha’, como é chamada por amigos e familiares, é de muita luta e perseverança. A menina que rodava as periferias de Salvador para treinar boxe, hoje é uma das atletas estreantes nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Toda a luta e a rotina exaustiva dos anos anteriores levaram Bárbara diretamente para a conquista do passaporte para a Olimpíada, após vencer a semifinal dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em outubro de 2023. Na mesma competição, a boxeadora conquistou a medalha de ouro.

O sentimento de Bárbara por tudo que está vivendo na vida profissional não poderia ser outro além de gratidão. Para a atleta, essa é a sensação que melhor representa tudo o que tem sentido ao representar o Brasil durante os Jogos Olímpicos.

O Portal Massa! bateu um papo exclusivo com Bárbara Santos, que está se preparando para estrear, em menos de 50 dias, na Olimpíada de Paris.

“A sensação é de gratidão, de dever cumprido, de chegar até aqui, de se manter aqui é tudo muito difícil, é tudo muito complicado. A gratidão é um sentimento que melhor corresponde a essa ocasião”, declarou Bárbara, ao Massa!.

Da ‘correria’ ao boxe

Nascida em Salvador, no Hospital Roberto Santos, e criada no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), Bárbara Santos sempre foi da ‘correria’. Antes de viver do boxe, a pugilista trabalhava de “domingo a domingo”, para garantir seu sustento, e de sua família.

“Já trabalhei de babá, de atendente, de serviços gerais, ajudante de cozinha, cozinheira. A verdade é que eu nunca fiquei parada, e entre os trabalhos, eu treinava [boxe]. Iniciei meu curso técnico de enfermagem, mas não dei continuidade por conta das viagens para lutar [...] Mas minha vida sempre foi assim, sempre trabalhei, sempre estudei e sempre treinei”, contou a pugilista.

Bárbara voltou no tempo e relembrou as dificuldades que enfrentou ao longo da sua trajetória, que não foram poucas. Antes de viver 100% do boxe, Bynha precisava se “virar nos 30” para se manter. Com os percalços, veio o desânimo, que fez com que a pugilista se afastasse das competições por dois anos.

“Era difícil manter um nível alto de rendimento, se manter 100%, quando eu estava trabalhando. Eu treinava bem cedo, do treino eu ia pro trabalho, e depois do trabalho eu voltava pro treino. Eu chegava em casa tarde, para acordar cedo, e ficava essa bola de neve, e foi por muito tempo assim. E foi aí que eu desanimei e parei de competir por dois anos, porque vinham as oportunidades, e nem sempre eu podia desfrutar [...] Essa foi a parte da minha história com o boxe, que mais me marcou, pela dificuldade que eu tinha.. Mas sempre me mantive ali”, relembrou.

A pugilista irá participar da sua primeira Olimpíada
A pugilista irá participar da sua primeira Olimpíada | Foto: Gaspar Nobrega/COB

Virada de chave

A virada de chave para Bárbara foi em 2019, quando ela se inscreveu para o Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas, que contempla atletas de diversas modalidades, incluindo o boxe, onde atualmente ela é 3º Sargento das Forças Armadas.

A partir daí, Bárbara deixou o emprego e foi para Piracicaba, em São Paulo, onde se preparou para viver do boxe, e no mesmo ano, competiu no Campeonato Brasileiro de Boxe, onde conquistou a medalha de prata na categoria. Desde então, sua carreira começou a andar, e então surgiram as primeiras convocações para a Seleção Brasileira.

Preparação a todo vapor

Com todo o caminho enfrentado e o passaporte carimbado rumo à primeira Olimpíada da sua carreira, Bárbara vive todo o processo de preparação, tanto fisicamente quanto mentalmente, para chegar em Paris em busca do ouro olímpico.

“É a minha primeira Olimpíada, então, eu estou muito feliz, estou confiante. Venho treinando arduamente aqui junto com a equipe. Ansiedade ainda não chegou, acho que vai bater quando estiver mais próximo, mais próximo de viajar, aí eu posso ter esse pico de ansiedade, mas por enquanto não, estou treinando. O que nos deixa confiantes é o treino, segura também. Então, um passo de cada vez”, afirmou Bárbara à reportagem.

Sabendo de toda responsabilidade que carrega ao representar o Brasil, a boxeadora baiana abriu o coração ao dizer que espera que não coloquem tantas expectativas sobre ela, para que ela não se sinta mais pressionada.

“Eu espero que não esperem nada [de mim], porque assim será um peso menor para mim, uma preocupação menor, uma pressão menor, né?! Tudo que eu não quero é pressão sobre o resultado, porque eu já estou indo com muita pressão interna, minha mesmo. Então, o que eu puder, não ter esse olhar dessa pressão externa vai me ajudar bastante para eu conquistar o que eu estou indo para conquistar”, refletiu a atleta.

No início da carreira Bárbara se dividia entre os estudos, trabalho e treinos
No início da carreira Bárbara se dividia entre os estudos, trabalho e treinos | Foto: Reprodução/Instagram/bynha_boxe

Seguindo a linha sobre a preparação para chegar ‘grandona’ nos ringues dos Jogos Olímpicos, Bárbara definiu pontos como disciplina, equipes de preparadores e apoio de colegas, como aspectos fundamentais dentro de uma competição tão importante.

“A importância é a disciplina, tem que ter disciplina e comprometimento com o seu treino, todos os dias. A ajuda que eu tenho, obviamente, é a da equipe no geral, muito disciplinados também, nós temos aqui o apoio e o acompanhamento de médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, além da equipe de técnicos, então, temos uma equipe completa e um apoio completo”, iniciou a lutadora.

Em seguida, Bárbara pontuou sobre a importância do apoio dos colegas de treino.

“E com certeza o apoio dos colegas de treino, porque todos buscamos o mesmo objetivo, então isso torna os dias, com certeza, muito mais concorrido e com mais competência nos treinos”, afirmou.

Ritual especial antes da luta

Sobre os bastidores dos momentos antes de entrar no ringue para colocar em prática tudo o que treina, Bárbara revelou ter um ritual especial antes das lutas para acalmar o coração e ir em busca do objetivo.

“Eu tenho minhas orações, eu tenho principalmente, minha organização com todas as minhas coisas, com todos materiais que eu vou usar na luta como bandagem, protetor, separo as roupas certinho, touca de cabelo, meu gelzinho que eu tomo, então, tudo isso tem que estar minimamente organizado”, confessou a pugilista.

Organizada e atenta aos mínimos detalhes, a baiana ainda destacou que sempre bate uma resenha antes das lutas para conseguir distrair a mente. “Eu tento me distrair bastante conversando com o pessoal do aquecimento para distrair um pouquinho, é basicamente isso”, contou ela.

Persistência é o caminho

A atleta, que passou por diversos ‘perrengues’ ao longo de sua jornada com o boxe, hoje vive o sonho que sempre quis viver, que é viver do esporte. “Minha vida mudou totalmente, eu consegui me manter diretamente com o boxe, e isso para mim é a maior satisfação da minha vida. Eu sempre sonhei com isso, sempre esperei por isso, que é me manter através do esporte, do boxe. Hoje eu estou satisfeita e grata com a minha vida, porque eu vivo o que sempre esperei”, disparou.

A baiana afirmou sentir gratidão por tudo que vive
A baiana afirmou sentir gratidão por tudo que vive | Foto: Wander Roberto/COB

Bárbara ainda refletiu sobre o período em que esteve desanimada, e pensou o que falaria para a Bárbara do passado. “A Bárbara de hoje falaria para a Bárbara anos atrás, que persistisse um pouco mais, como tive dois anos que parei de competir, eu falaria para ela não parar, que ela deveria ter competido, deveria ter mantido a luta”, refletiu, ao Massa!.

Por fim, a pugilista deixou uma mensagem de motivação para as jovens e mulheres que querem viver do boxe, assim como ela. E deixou bem claro que o seu lema é a “persistência”.

“A mensagem que deixo para todas as jovens e mulheres, que assim como eu tinham o sonho de viver do boxe, que não desistam dos seus sonhos, mas que também tem muito do quanto você quer isso, porque não adianta eu deixar essa mensagem de apoio e ânimo, se o seu esforço é mínimo. Se você quer muito isso, você precisa persistir, se dedicar ao máximo, e então, você vai conseguir. Persista”, finalizou.

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