
As corridas de rua explodiram em Salvador, no Brasil e no mundo. Segundo dados da Ticket Sports, plataforma sobre eventos esportivos, em 2025, 45% dos inscritos em provas participaram de suas primeiras corridas no país, mostrando o crescimento da modalidade, que hoje reúne cerca de 14 milhões de corredores. Aliado ao aumento de participantes, consequentemente cresceu o número de assessorias esportivas, responsáveis por darem o suporte necessário para os atletas terem um bom e seguro desempenho nas corridas de rua.
Foi nesse último ‘boom’ que o clube de corrida BIO retomou suas atividades. Fundado em 2009, o grupo ficou até 2015 em atividade, deu uma pausa, e voltou a todo vapor há um ano, com o trabalho realizado pelo idealizador do grupo, Raphael Mendes. “Aumentou muito o número de participantes de corridas. Bahia e Vitória fazem eventos, mexem com a torcida de massa, os torcedores às vezes nem têm tanta prática, mas se inscrevem e começam a gerar um número maior de participantes. O pós-pandemia incentivou muito a atividade ao ar livre, as pessoas começaram a ir para a rua, se exercitar. O número de assessorias aumentou, porque ela traz a orientação do profissional, o planejamento de um treinamento, um objetivo, os profissionais têm esse cuidado”, explicou o educador físico ao MASSA!.
Acompanhado do aumento de praticantes, os grupos de corridas foram tomados por corredores novatos, como é o caso de Rafael Gomes, que começou a correr em 2024, apenas para melhorar o condicionamento físico no baba, mas acabou sofrendo uma lesão no tendão de Aquiles. “Eu estou mantendo a regularidade, treinando três vezes por semana, e estou sentindo os efeitos de melhoria na minha saúde, no meu sono, isso reflete até na minha alimentação. É muita diferença, talvez por isso que eu tenha me lesionado. Você tem um grupo que te incentiva, professores que orientam, treinos bem organizados, com certeza eu vou querer seguir isso para o resto da minha vida”, destacou o engenheiro elétrico que faz parte da BIO há dois meses.

Companheira de profissão, Thamires Melo ainda não tem uma longa carreira nas corridas de rua, mas já compreende o quanto a modalidade mudou a sua vida. “Eu comecei a correr há um ano, quando a assessoria retomou as atividades, a minha principal motivação foi justamente encontrar um mecanismo de bem-estar, um compromisso com a minha saúde. Antes eu não praticava esporte, e hoje eu vejo o meu processo de evolução muito claramente. A corrida entrou na minha vida para revolucionar, ela fez eu ganhar novos hábitos, acordar cinco horas da manhã, o que era bem difícil, porque não tinha os cinco minutinhos, aí com o tempo, a questão do hábito, você começa a fazer isso com regularidade. Hoje vim encontrar com eles também é uma celebração para iniciar o meu dia”, detalhou a corredora.
Apesar dos períodos de treinos diferentes, a evolução pessoal já é notória para os dois corredores, tudo isso graças ao trabalho da assessoria esportiva, mas com melhorias além da área física. “A minha maior evolução, por incrível que pareça, não é a velocidade, mas a minha forma de lidar com os meus problemas, a ideia do controle mental. A gente tem muita ansiedade, de querer tentar resolver as coisas, de não respeitar o momento de descansar. A gente tem que ter esse equilíbrio, a corrida trouxe esse aspecto de controle mental e equilíbrio para minha vida. É a maior vantagem que eu vejo”, avaliou Thamires.
“Em apenas dois meses que eu comecei a treinar, eu perdi três quilos, melhorei a minha definição muscular, a respiração, eu fiquei intercalando corrida com a academia. No início eu mal conseguia correr dois quilômetros. Hoje em dia eu consigo correr sem parar 6 ou 7 km. Estou caminhando para conseguir correr 10 km. E tudo isso em apenas dois meses. Foi uma evolução muito boa e rápida, graças ao trabalho de todos. E eu pretendo seguir evoluindo”, completou Rafael.

Sinergia total com o esporte
As corridas de rua também têm o papel de aproximar, criar vínculos e uma relação de proximidade com o antes desconhecido, mas que hoje se torna o seu amigo, o seu colega de corrida. “Tem muita sinergia. Se você for numa prova hoje de corrida em Salvador, ou em qualquer lugar do Brasil, na linha de chegada, você vê as pessoas ao redor, vibrando, a energia tomando conta. O que você estiver fazendo na sua vida, se você tiver pessoas ao redor te motivando, você consegue ir além, é a motivação, aquela coisa de não deixar de conquistar seu objetivo, não desistir no meio do caminho. Você tem a motivação em correr em grupo, com um amigo, até pra começar ajuda. É um esporte individual, mas se você estiver em grupo, você tem uma motivação, tem umas coisas que fazem você ir um pouquinho mais além do que você iria se fosse sozinho”, detalhou o fundador da BIO, Rapha Mendes.

Homenagem ao pai
O mundo das corridas é carregado de grandes histórias, superação, emoção, felicidade, e qualquer adjetivo, geralmente positivo, que você queira escolher. Porém, às vezes, mesmo um ambiente que é carregado por amigos, atividade física e a natureza, tem um lado triste, mas que nesta história, virou uma motivação para começar, como foi com Thamires Melo. “Eu vim com desafios familiares de saúde. Meu pai acabou falecendo por questão de um câncer, e eu vi que tudo o que fez o meu pai ter uma boa qualidade de vida foi por conta que ele era uma pessoa muito ativa. E desde a perda dele eu entendi que eu tinha que ter esse compromisso com a minha saúde e consegui me reconectar”, explicou a engenheira.
Mesmo não mais nesse plano, o pai da corredora está sempre ligado com ela, e como uma homenagem, a atleta amadora tem um objetivo, bastante emocionante, que pretende atingir no fim de 2025. “Eu consegui me inscrever na São Silvestre esse ano, e isso vai ser em homenagem ao meu pai, como eu falei no início da história. Meu pai falava que quando ele se curasse ele ia ficar tão bom que ele ia ser capaz de correr na São Silvestre. Então eu vou fazer essa corrida em homenagem a ele, na 100ª edição. Vai ser muito especial”, destacou ao MASSA!.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana
