Da Bahia para o mundo, ou melhor, do interior do estado, na cidade de Serrinha, para o UFC (Ultimate Fighting Championship). A lutadora 'barril dobrada' Virna Jandiroba enfrentará a compatriota Marina Rodriguez no próximo sábado (6), no card do UFC 288, e promete ir pra cima da adversária. A guerreira, de 34 anos, também conhecida como a Carcará, quer "pegar, matar e comer", como diria uma música de Chico Buarque e João do Vale sobre o animal que representa.
Com um cartel tamanho ‘GG’ de títulos, Virna acumula feitos como o título mundial de Jiu-Jitsu, além da conquista do Campeonato Pan-Americano da modalidade. Para chegar ao Top 10 da categoria peso-palha (52kg) do UFC, encarou vários obstáculos, mas foi guinada ao sucesso com muita "doação", aspecto este que promete para a luta do fim de semana.
Em um bate-papo com o Portal MASSA!, na semana que antecede a sua próxima luta na maior e mais popular organização de MMA no mundo, Jandiroba falou do seu início na carreira, treinamentos, projetos, popularidade e muitos mais. Confira tudo:
Em primeiro lugar, como é pra você sair de Serrinha e representar a Bahia por todo o planeta na disputa do UFC?
Virna Jandiroba: É maravilhoso, grandioso demais, incrível, olhar para o meu começo, a minha força está nisso mesmo, de ver onde eu sair. Serrinha é uma cidade pequena, do interior, e muito do que aprendi, aprendi lá.
Como você iniciou nas lutas? Tem alguma inspiração?
Virna Jandiroba: Comecei no Kung Fu ainda criança, tive experiências de luta, mas não continuei. Depois fui para o Judô, mas me profissionalizei no Jiu-Jitsu, entre meus 15 a 16 anos, me formei em faixa preta em Serrinha. Em seguida, migrei para o MMA, e o local mais acessível para mim era Feira de Santana. A base onde treino, na verdade, é lá, muito embora eu também treine no mundo inteiro, não me fecho.
Luiz Dórea é um dos seus treinadores. O que você tem a falar desse técnico que é um verdadeiro fabricante de campeões?
Virna Jandiroba: Meu treinador Renato Velame passou pela [Academia] Champion, foi aluno de [Luiz] Dórea, então sempre existiu essa relação muito boa entre eles. Já treinei lá algumas vezes, passei seis meses contínuos treinando lá, logo depois da minha estreia no UFC. O Luiz Dórea é inquestionável, já fez vários campeões, alunos muitos bons, a exemplo do próprio Robenilson, que foi atleta olímpico. Os resultados falam muito por ele, é um grande líder, tem força para liderar.
Como está sendo a preparação para encarar a compatriota, que também está no top 10 do peso palha? Por ela ser brasileira, você acha que é mais ‘fácil’ competir contra uma atleta do mesmo país?
Virna Jandiroba: Isso não muda nada pra mim, o que eu sei é que nós [brasileiros] somos aguerridos. Mas, já peguei há algum tempo, muitas brasileiras, invictas também, em eventos fora do Brasil, por exemplo, então não tem distinção. Vemos o mesmo lugar, somos muito aguerridos, então com certeza será uma grande luta.
Qual é a sua principal arma nas lutas? O Jiu-jitsu afiado?
Virna Jandiroba: Tenho o grappling que é a minha melhor arma, mas o MMA é essa coisa, é uma mistura. Desde o começo da minha carreira, muito embora costumava levar a luta para o chão de forma rápida. Mas sempre treinei boxe, muay thai, tenho tentado ser a mais completa possível.
Quais os seus projetos para 2023? Quer chegar ao topo do UFC ainda este ano, lutar pelo cinturão?
Virna Jandiroba: Estou projetando passo a passo, e agora estou focada no sábado [6 de abril], sair com essa vitória, e provavelmente eu entre no top 5, fazer as coisas com paciência, tranquilidade, porque será uma possibilidade real de se aproximar do cinturão, não quero atrapalhar as coisas.
O UFC chegou no Brasil na época que ele estava mais no auge. Você acha que falta incentivo nesse esporte?
Virna Jandiroba: No Brasil, falta incentivo para os atletas. De forma geral, o atleta não tem incentivo, não é visto como um trabalho. Acredito que o fato de não ter representantes com cinturão, entre outras coisas, como tínhamos antes, a exemplo de Cigano, desestimula e afasta mais. Muita gente acaba saindo do país porque não encontra oportunidade, acaba que esse vínculo fica um pouco mais distante. Nós temos brasileiros, a Amanda Nunes, por exemplo, tem cinturão e é a maioral, falta incentivo. Temos que ter o aparato técnico, financeiro, emocional, não só coração, porque só isso não basta.
Uma pesquisa feita por um site de apostas online mostra que você aparece como a terceira brasileira mais popular, atrás apenas de Amanda Nunes e Jéssica Andrade, aqui entre os fãs do UFC no país. O que você acha disso?
Virna Jandiroba: Fiquei surpresa e achei o máximo, acho que talvez esse lance de abraçar a cultura de onde veio, isso, talvez, aproxime as pessoas.
De onde surgiu o apelido Carcará?
Eu queria representar, desde pequena, o Sertão, e estava buscando algo. Entrei em uma música [chamada Carcará], que é do João do Vale [e Chico Buarque]. Um amigo meu falou: ‘cara é isso, é o carcará’. Carcará é uma representação do Sertão, e é uma ave imponente, que se adapta.
Deixe uma mensagem para os fãs baianos, seus conterrâneos.
Virna Jandiroba: Quero convidar vocês para assistir minha luta, o que eu posso prometer é doação, uma grande luta. Estou me preparando para me entregar nessa luta.