O esporte ultrapassa as próprias barreiras e um troféu ou uma medalha vão muito além daquilo que se pode levantar, guardar ou pendurar no pescoço: pode representar o orgulho das origens, fincar uma bandeira, mostrar ao mundo de onde veio e gritar com orgulho. E o baiano David Leão, com raízes em Itacaré e na Ilha de Boipeba, é a tradução disso tudo.
Aos 23 anos, ele é tetracampeão brasileiro e atual campeão mundial de stand up paddle (SUP) na categoria sprint, durante o ISA World SUP and Paddleboard Championship (WSUPPC) 2024, realizado em Copenhague, Dinamarca. Desde cedo a ligação com o esporte é de sangue: começou a praticar judô aos 3 anos de idade no projeto social do pai. No entanto, foi com a prancha e com o remo que realmente se conectou.
“É a bandeira da ancestralidade, das raízes. É o que eu tenho de valor, minha identidade, minha essência. Não tem como maquiar. Tive êxito no esporte porque sempre soube quem eu era, de onde eu vim e para onde eu vou”, contou o campeão mundial, que é neto de pescador e de cozinheira de bares e restaurantes de praia, em entrevista ao MASSA!.
Como a Associação Internacional de Surfe (ISA na sigla em inglês) também gere as maiores competições de SUP, aproxima os laços e gera esperança para que o esporte de David esteja nos Jogos Olímpicos - o sonho para Los Angeles 2028 é ambicioso, mas a meta para Brisbane 2032 é alcançável. “Tenho esse objetivo não só pelo simbolismo de participar do maior evento esportivo do mundo, mas pelo fato de poder ser a primeira Olimpíada com o stand up. Eu entraria para a história não só da Olimpíada, mas do esporte. Com isso, abriria muitas portas para incentivar atletas baianos”, afirmou o baiano sonhador.
Projeto social é objetivo próximo
David Leão não se desconecta de suas raízes. Se Itacaré contribuiu direta ou indiretamente para seu sucesso, é para lá que vão os frutos das vitórias. O atleta já deu os primeiros passos no projeto social que quer implantar na sua cidade natal, além de ajudar também na gestão do grupo de judô do seu pai.
“Estamos trabalhando na estrutura para oferecer um suporte melhor para as crianças e os turistas que queiram experimentar o esporte. Vai ser um centro de experiências e qualidade de vida para as pessoas, com conexão com o mar e a natureza. É um propósito de vida”, explicou em entrevista ao MASSA!.
Corpo são e mente sã
O amor pelo esporte faz com que o processo se torne natural. A saúde mental do atleta itacareense está em dia, já que ele faz terapia e está bem resolvido com a criação de expectativas, pressões e frustrações. “Durante a competição é quando eu mais me divirto. A parte difícil é do dia a dia, da rotina, do processo árduo. A pressão é criada por nós, não existe muito. Cheguei num nível em que não preciso provar nada para ninguém. A cobrança é comigo mesmo: quero ser maior do que já sou, como penso que poderia ser”, esclareceu.
“Minha motivação é meu propósito. Não fui campeão mundial, por acaso, eu tinha um objetivo. Queria ganhar voz, voltar para minhas raízes, fazer a diferença naquele lugar e deixar um legado”, completou o baiano.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana