Dos times baianos na Série D, o Atlético de Alagoinhas é o que vive situação mais tensa antes da estreia. O Brasileirão pode salvar este e o próximo ano do clube. Tudo por causa de eliminações precoces no Baianão e nas Copas do Brasil e do Nordeste no largada da temporada. E como 'desgraça pouca é bobagem', o pontapé inicial no certame tinha que ser justamente fora de casa. Pega o Cruzeiro-AL às 16h deste domingo (7) no estádio Municipal de Arapiraca.
Ciente do peso da responsabilidade, o técnico Rodrigo Chagas se mantém sereno. O ex-craque de Vitória, Corinthians e Seleção Brasileira deixou o Juazeirense para comandar o Carcará em fevereiro deste ano e, segundo ele, o objetivo já estava traçado.
"A gente vem desde que assumiu o clube pensando em fazer um trabalho forte para conquistar o acesso à Série C. Tivemos 30 dias para fazermos um trabalho com a equipe dentro daquilo que pensamos nas partes táticas defensivas e ofensivas, dentro de uma ideia e modelo de jogo", afirmou ao Portal Massa!.
O professor avaliou o período como positivo. Para ele a resposta foi muito bem dada pelos atletas, que apresentaram bom nível de concentração para execução do trabalho. Suficiente para o bicampeão baiano de 2021 e 2022 chegar forte à disputa na 4ª Divisão. "É preciso comprar essa ideia para que possamos ter sucesso. Sabemos que é um competição difícil, mas estamos trabalhando ao máximo para que possamos, com fé em Deus e muito trabalho, dar esse acesso ao clube que será muito importante para a próxima temporada".
Eliminação faz a força
A participação do Carcará na Copa do Brasil pode ter dado uma casca o time. Há possibilidade de ser mais impositivo contra os adversários do Grupo A4 da Série D, onde vai se bater com os conterrâneos Bahia de Feira e Jacuipense, além de Sergipe, Falcon-SE, Retrô-PE e ASA de Arapiraca. Embora tenha sido eliminado cedo do torneio nacional, logo na primeira fase, o futebol apresentado o fez sair de cabeça erguida. Caiu com um indigesto empate em 0 a 0 no Carneirão.
"Fizemos um jogo muito bom contra o Atlético Goianiense, uma equipe forte no cenário nacional. O fator regulamento propiciou o avanço do adversário na competição. Jogou com o regulamento na mão, podendo buscar o empate. Acreditamos que fizemos um excelente jogo, com uma participação de todos, uma equipe bastante reativa e criamos muitas oportunidades", avaliou Rodrigo.
No entendimento do comandante, essa partida foi importante para saber que nível deveria ser exigido aos atletas durante a preparação para que eles possam durante a Série D entregar aquilo que a comissão técnica pede. Um jogo para ser citado sempre como exemplo.
Novatos e repatriados
Em relação ao elenco, o time da região agreste do estado mantive muitos atletas que já estavam por lá no início do ano. Segundo Rodrigo Chagas, principalmente os que se destacaram desde o momento que ele assumiu a equipe. "Depois buscamos trazer os jogadores com o perfil que a gente entende que possa trabalhar dentro daquilo que pensamos na parte técnica, tática, psicológica e física", explicou.
As novas contratações foram: o atacante Kaio Daniel, o volante Gilberto, o meia Leílson e os zagueiros Carlos Eduardo, João Senna e Eduardo. Este último vice-campeão estadual pelo Carcará em 2020.
As repatriações rolaram ainda para o armador Felipe Matheus, campeão baiano em 2021 e, a principal, para o meia-atacante Jerry. O atleta de 29 anos foi uma das peças fundamentais para conquista do bicampeonato baiano. Após a glória pelo Carcará no ano passado, ele defendeu o Altos-PI e o Paraupebas-PA. Neste ano disputou o Baianão pelo Juazeirense. Foram 10 jogos e um gol marcado pelo Cancão de Fogo.
A chegada de Jerry ajuda, mas ainda não é suficiente na visão do técnico. Rodrigo acredita que há possibilidade de fortalecer a equipe com mais dois ou três jogadores durante a competição. "Ou quem sabe ainda quatro atletas", pontuou. "A competição é longa, então precisamos de toda força para quem sabe atingir o nosso objetivo que é o acesso a Série C", emendou.
Expectativa X Realidade
A realidade do Atlético de Alagoinhas é dura. O time corre o risco participar apenas do Campeonato Baiano em 2024. Para evitar essa tragédia, precisa garantir o acesso de qualquer jeito. Tudo por causa da má campanha na Copa do Nordeste, onde venceu somente dois dos oito jogos disputados e sequer empatou uma partida. Resultados que não diminuem o ímpeto de um técnico com senso de urgência ligado. A expectativa está lá em cima.
"Minha perspectiva é atingir o ápice em todos os lugares onde passei. E esse é o pensamento: buscar sempre o melhor. Me contrataram para esse objetivo. Não posso prometer que vai acontecer, mas posso prometer que vou me comprometer com muito trabalho e vai existir uma entrega muito grande pelo acesso", afirmou Rodrigo Chagas.
Se manter essa mentalidade o Carcará pode entrar a mil por hora no torneio nacional e surpreender. A última vez que esteve na C foi em 2008, duas temporadas após subir de divisão. Caiu e nunca mais voltou. A cartilha do comandante para retornar a esse escalão está montada: "fazer grandes jogos com uma equipe competitiva, que apresente um bom futebol e que sempre tenha em vista a busca incessante pela Série C".