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Dando show! - 09/09/2024, 07:00 - Theo Fernandes*

A base vem forte: time feminino do Boca Jrs dribla preconceitos

Escolinha de futebol em Vilas do Atlântico tem turma feminina exclusiva

Time se reúne para treinamentos em Vilas
Time se reúne para treinamentos em Vilas |  Foto: Denisse Salazar / AG. A TARDE

A medalha de prata da Seleção Brasileira de futebol feminino nas Olimpíadas de Paris empolgou bastante a mulherada, que também sonha em conquistar um espaço numa modalidade que antigamente tinha reconhecimento apenas entre os homens. Contudo, apesar de estar ganhando seu lugar, do bom resultado das mulheres nos Jogos e da ausência da equipe masculina, os investimentos ainda são bem desproporcionais entre os gêneros.

Para se ter uma ideia da disparidade, os salários das jogadoras da Copa do Mundo de 2023 eram, em média, 25% do que os atletas da Copa masculina de 2022 recebiam. Quando a análise deixa de ser mundial para ser estadual ou municipal, mais evidências desta desigualdade aparecem: não é raro que as meninas não encontrem escolinhas voltadas a elas. Quase sempre o que encontram são as turmas mistas, o que expõem a disparidade física diante dos meninos.

Mayara Macedo, mãe da jovem zagueira Mayana, de apenas 13 anos, é uma das mamães que passaram por este problema com a filha. “Todas as minhas tentativas de colocá-la [Mayana] para jogar entre meninos acabavam numa dividida em que ela saía machucada. Eu ficava muito preocupada com a questão física dela, tentava de toda forma achar um time feminino, mas não encontrava. Acabei a colocando numa escolinha mista, que tinha quatro ou cinco meninas, e a maioria de meninos”, contou ao MASSA!.

Já Miriam Mello, mãe de Malu, defensora que tem 15 anos, narrou que a filha também passou por problemas em escolinhas mais voltadas ao futebol masculino. “Ela [Malu] já foi a única menina da escolinha. Raramente entravam outras, mas elas não aguentavam a pressão dos meninos. Embora crianças, de seis ou sete anos, já existia machismo. Xingavam, engarguelavam, faziam gestos obscenos para ela, mas nada a fez desistir. Até que, num dia, partiram para a agressão física e decidimos tirar ela de lá”, detalhou à reportagem.

Malu e Mayana, hoje, além de serem companheiras de posição, são também de equipe. As duas fazem parte da Escolinha de Futebol do Boca Júniors, em Vilas do Atlântico, Lauro de Freitas. A iniciativa, que conta com uma turma só de meninas, participa de competições frequentemente, e agora tenta liberação para disputar o Campeonato Baiano. Além disso, o grupo já competiu em São Paulo, na Ibercup, em julho. Em terras paulistas, os dois times que viajaram atingiram as finais das chaves que disputaram contra rivais de todo o país.

Na rotina de treinos e competições que participam pelo Boca, as jogadoras acharam algo essencial, mas que era raro: sentimento de equipe, de pertencimento. “Encontraram união. Parceria, coletividade, sentimento de equipe, uma apoia a outra. Isso é importante”, lembrou Miriam.

Mayara incentiva a filha Mayana e a acompanha
Mayara incentiva a filha Mayana e a acompanha | Foto: Denisse Salazar / AG. A TARDE

De mãe para filha

Dizem que a medalha de prata, apesar de mais valiosa, é mais dolorosa que a de bronze, porque vem depois de uma derrota. No entanto, não é assim que Mayana Macedo, zagueira da Escolinha do Boca Júniors, enxergou a conquista da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Paris. “Fiquei orgulhosa por terem chegado longe, é muito difícil chegar onde chegaram. Sinto muito orgulho, porque conseguiram superar vários obstáculos e fizeram com que todo mundo acreditasse nelas”, destacou a jovem garota.

Fã da baiana Rafaelle, zagueira experiente da Seleção, Mayana começou o sonho de ser jogadora assistindo seus primos em competições de escolinhas. Hoje, é ela quem disputa campeonatos liderando a defesa da equipe. “Eu visava mais o lado do balé, da natação, mas não entendia que Mayana não queria esses esportes, como toda mãe de menina acha que a filha quer. Foi quando o professor de educação física da escola me mandou uma cartinha, pedindo que eu olhasse toda a dedicação e o desempenho de Mayana em campo, e que ela tinha todos os indícios de que seria uma grande jogadora”, detalhou Mayara.

Garotas também focam nas atividades físicas
Garotas também focam nas atividades físicas | Foto: Denisse Salazar / AG. A TARDE

Saúde mental importa

Aspecto cada vez mais comentado e necessário no meio esportivo, o cuidado com a saúde mental tem que começar o quanto antes. A jovem atleta Isabella, de 15 anos, por exemplo, faz acompanhamento psicológico voltado para o esporte há cerca de seis anos, segundo seu pai, Paulo Moisés.

“Centroavante, atacante nata”, como descreve o paizão, Isabella é cria do Boca e foi chamada para integrar o elenco do Toledo, do Paraná. “Sempre explico que vai ter o dia de ganhar, de empatar e de perder. Desde cedo coloco isso na cabeça dela, mas não substitui a ajuda de uma psicóloga, principalmente voltada para o esporte”, aconselhou.

*Sob a supervisão do editor Léo Santana

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