Uma serpente azul da espécie trimeresurus insularis, encontrada na cidade de Eunápolis, no sul da Bahia, foi batizada em homenagem a cantora Rita Lee.
Resgatada pela Polícia Rodoviária Federal junto com outros 59 animais que estavam sendo transportados ilegalmente dentro de um ônibus vindo de São Paulo, a cobra, depois de alguns dias, foi levada para o Instituto Butantan, em São Paulo, onde passou por um período de quarentena até se instalar no Museu Biológico do Parque da Ciência Butantan. O resgate ocorreu em junho de 2023, dias após a morte da artista, mas a informação sobre a homenagem foi divulgada recentemente.
“Montamos um espaço com galhos de árvores e vegetação semelhante ao habitat natural da espécie para ajudar na adaptação. A serpente ficou uns dias sem querer se alimentar e praticamente não se locomovia até se sentir segura. Mas agora já está se alimentando normalmente”, conta a pesquisadora científica e coordenadora de manutenção animal do museu, Silvia Cardoso.
Segundo o instituto, a decisão em prestar essa homenagem a cantora foi porque Rita tinha ligação com as cobras, como por exemplo, o hit Erva Venenosa, uma das canções de mais sucesso na carreira da artista.
Perigosa
Segundo o Instituto Butantan, é preciso ficar atento aos riscos que a serpente oferece.“O veneno da Trimeresurus insularis tem ação local, mais parecido com o das jararacas. A picada causa necrose, mas não tem efeito neurotóxico, que afeta o sistema nervoso, como o veneno da cascavel”, explicou Silvia Cardoso.
Apesar disso, este tipo de envenenamento pode causar grandes danos à saúde. Então, todo o cuidado é pouco. “O veneno dela é hemolítico, e por isso destrói as hemácias do sangue, causando hemorragias. É também proteolítico, que causa necrose do tecido, corroendo a pele. Este veneno pode ser cruel sim”, explica Carlos.
Outro problema que envolve acidentes com a serpente é que o soro contra este veneno não está disponível no Brasil, já que a espécie é exótica. O Butantan, maior produtor de soros antivenenos da América Latina, produz imunizantes contra venenos de espécies que ocorrem no Brasil. E somente tem ampolas disponíveis contra o soro da víbora por ter um exemplar da espécie no museu.
“É uma grande irresponsabilidade trazer estas serpentes dessa forma, sem qualquer cuidado com o animal e com risco de ocorrer acidentes sem o devido antiveneno disponível”, pondera Silvia.