Voz do Engenho Velho de Brotas, Víctor Luis dos Santos tem o sonho de chegar longe com sua música. Inspirado em Kendrik Lamar, Racionais Mc e Ol'Dirty Bastard, o artista, que atende pelo vulgo de V$, teve os primeiros contatos com o rap brasileiro por meio de um amigo da escola, aos 13 anos. Desde então, escrever letras se tornou um hábito. Hoje ele faz parte do selo Raposa Ladrona, no qual se junta com parceiros em músicas colaborativas e solo.
Em lançamento recente, V$ gravou o clipe da música 'Foguete Verde', letra que nasce depois de acordar de um sonho. A história contada é de um roubo arriscado bem sucedido, para ilustrar as loucuras de seguir a carreira de artista.
“Pra a gente que é da periferia, é muito difícil alcançar certas coisas. É um caso de vida ou morte, que nem o pós-assalto do clipe. E é isso que eu quero mostrar nessa música: independente do tempo que leve, a gente vai realizar, sacou?”, comenta o trapper em entrevista ao MASSA!.
V$ se considera introspectivo, mas se sente outra pessoa quando está nos palcos. Em 2022, cantou em eventos como MixTrap e Conexão Trap, e deixou a crítica: os grandes festivais de Salvador não convidam trappers da cena local.
“Tem muita gente talentosa, mas não tem investimento. A gente não tem muita oportunidade e tem que ir na raça”, protesta. Assim como outros músicos, concilia o trampo para se sustentar com o sonho que agarra com unhas e dentes.
Cantor pede união: "A cena do trap é cheia de picuinha”
Observador, V$ encara a música como uma ferramenta para desabafar sobre as vivências na periferia e no ramo do trap, que ele considera desunido. "Eu escrevi a letra de ‘Foguete Verde’ como uma indireta pra uma galera que tava falando mal de mim depois que voltei de São Paulo. A cena do trap é cheia de picuinha. Se todo mundo se apoiasse, todo mundo ia crescer muito mais, até nacionalmente".
Para o ano 2023, V$ busca colocar mais seu estilo nas músicas e lançar letras guardadas na gaveta. A Raposa Ladrona tem a meta de lançar clipes mensais dos artistas do grupo. V$ encontrou nos "irmãos" do selo o suporte que faltava. "A gente se ajuda ao máximo. Divulga o trampo do outro e até dá uns toques nas letras quando alguém precisa. A gente é uma família mesmo", completa com orgulhoso.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos