O "Urso do Pó Branco" (Cocaine Bear) estreia hoje nos cinemas, trazendo uma ideia absurda e com um humor questionável. Na história, após uma tentativa de contrabando frustrada, um urso negro acaba ingerindo acidentalmente uma grande quantidade de cocaína, causando destruição por onde passa.
Como o título já denuncia, não assista esperando um roteiro brilhante ou uma reflexão que irá mudar sua vida, essa não é a intenção do longa, que se caracteriza como um filme trash. A experiência aqui é abraçar o ridículo e se permitir rir de uma ideia tão surreal quanto essa. Por causa disso, a internet acolheu o longa, fazendo ele arrecadar mais de US$ 60 milhões em bilheteria nos EUA até o momento.
E produções do tipo estão voltando à tona. A falta de orçamento sempre foi um problema presente no cinema. Para as produtoras que costumam bancar os filmes, é muito mais interessante que o produto seja barato, para lucrarem de forma mais fácil. A partir dessa ganância, surgiu uma enxurrada de produções de qualidade baixa, chegando a formar o tal subgênero chamado de trash.
Essa categoria de filmes ganhou muita força nos meados dos anos 80, principalmente com a popularização da fita VHS. A produção para o Home Video era mais barata do que para o cinema, o que também significava que a qualidade de tudo seria menor.
Esse tipo de filme costuma ter várias características em comum, como ideias absurdas, atuações ruins e péssimos efeitos especiais. Apesar disso, conseguem ser engraçados de tão ruim e cativar o público. É justamente isso que O Urso do Pó Branco faz, entregar o melhor do pior.
O sucesso do urso foi tanto que outra obra inspirada em seu longa está sendo produzida, "Cocaine Shark". No filme, um mafioso trafica um novo estimulante que causa efeitos colaterais monstruosos. Essa droga é derivada de tubarões mantidos em cativeiro que, após uma explosão, conseguem escapar e começam uma carnificina pelo mundo.
Assistir "O Urso do Pó Branco" provavelmente vai te lembrar momentos de sua infância, de quando você assistia algum filme de qualidade duvidosa nas madrugadas da TV aberta. O longa do urso viciado em cocaína veio para mostrar que o cinema trash não morreu com o VHS. Produções como essa, "Velocipastor" e o mais recente "Willy's Wonderland provam que o subgênero está mais vivo do que nunca.
Maluquice baseada em fatos reais
Apesar de parecer uma ideia extremamente ridícula, o filme do urso viciado é baseado em um caso real. Em 1985, o policial Andrew C. Thornton II estava transportando 40 pacotes de cocaína em um avião, enquanto sobrevoava o estado da Georgia, nos Estados Unidos. Não se sabe o motivo, mas em certo momento, Andrew começou a jogar alguns pacotes da droga pelo ar e saltou de paraquedas com alguns tabletes amarrados em seu corpo. Thornton acabou morrendo na aterrissagem porque o peso da droga impediu a abertura de seu paraquedas.
A substância caiu na Floresta Nacional Chattahoochee-Oconee, onde foi encontrada pelo mamífero. Diferente do filme, o animal não sobreviveu ao consumo da droga que, segundo o legista, cobriu até a boca de seu estômago. O caso ganhou tanta repercussão que as autoridades acabaram empalhando o urso, tornando-se uma atração turística do local.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos