Chega o fim de ano e o cinema fica repleto de filmes que abordam as relações familiares. Embora tenha estreado oficialmente nesta quinta-feira (28), na segunda (25), dia de Natal, já era possível encontrar sessões do longa-metragem Minha Irmã e Eu em Salvador e em todo o Brasil. A produção, estrelada por Tatá Werneck e Ingrid Guimarães, foi divulgada com a promessa de ser a maior comédia do ano.
Na obra, Ingrid é Mirian, uma introvertida dona de casa que vive uma vida tediosa com o marido e os filhos no interior de Goiás. Totalmente oposta à irmã Mirelly (Tatá), que vive, teoricamente, de forma glamourosa no Rio de Janeiro, cercada por celebridades. A dupla é obrigada a superar as suas diferenças e embarcar em uma jornada imprevisível para encontrar a mãe Márcia (Arlete Salles), que desapareceu após uma briga entre as duas.
Durante o tapete vermelho do filme, do qual o Cineinsite A TARDE participou, no Rio de Janeiro, Tatá contou que a irmandade vista nas telonas é inspirada na amizade dela com Ingrid na vida real. “A gente sempre teve uma relação de irmãs, que é diferente do filme, mas que também tem um tipo de intimidade. Por isso, a gente decidiu fazer o filme sobre irmãs, porque a gente queria fazer um filme que tivesse a ver com a gente e tivesse uma identificação com qualquer pessoa”.
As personalidades das irmãs são confortáveis para ambas as artistas, já que Mirian e Mirelly lembram outras personagens já vividas por elas. Enquanto Tatá é a parte mais extrovertida e ousada da família, Ingrid volta a viver uma mãe doce e certinha, que lida com seus problemas de forma bem-humorada.
Antes do evento de tapete vermelho, Ingrid Guimarães e a diretora da produção, Susana Garcia, receberam a imprensa para um bate-papo exclusivo, para o qual o Cineinsite A TARDE também foi convidado. Segundo Ingrid, foi intencional fazer as irmãs serem completamente diferentes para mostrar que a união de uma família vem, na verdade, do amor.
Mas se a busca por conciliar as diferenças é o mote da ficção, por trás das câmeras, a realidade não é muito distante. Ingrid e Tatá representam duas escolas opostas na comédia: o cartesiano versus o improviso. E isso aparece bem claro na produção. “A gente tem muita intimidade. Eu lido muito bem com essa coisa de ela [Tatá] improvisar muito. Eu não me importo, deixo, e o mais difícil também é isso, porque às vezes eu não sei que horas que acabou [a cena]”, brincou Ingrid.
Apesar de a relação de irmãs estar no centro da narrativa, Susana diz que o filme também debate a influência das redes sociais e o estigma do envelhecimento, este último, representado pela trama que envolve a mãe das protagonistas, vivida pela veterana Arlete Salles. Na produção, ela acaba se sentindo deixada de lado pelas filhas e vai em busca de encontrar o próprio caminho.
“A gente está em uma idade, em uma geração que os pais já estão envelhecendo. Daqui a pouco já tem uma inversão dos papéis, então eles vão ficando esquecidos [...] A gente quis ir além, mostrar que em qualquer idade você pode ressignificar a vida”.
Encontros e reencontros
Minha Irmã e Eu é o quarto filme de Tatá e Ingrid juntas, sendo o primeiro, no entanto, que traz a duas como protagonistas ao mesmo tempo. Mas além das atrizes, o longa conta ainda com a participação de Leandro Lima, que celebrou a oportunidade de fazer uma produção humorística e explorar um gênero diferente dos seus últimos trabalhos na televisão e no streaming.
“A comédia está em mim porque eu sou nordestino, nordestino vive uma comédia, a gente fala que o nosso humor é muito tirando uma onda da gente mesmo, então é assim que eu fui criado, esse é meu jeito também. Eu acho que é uma oportunidade para mostrar também esse lado [...] Eu acho muito bom fazer comédia e quero cada vez mais fazer comédia”, revelou ele ao Cineinsite A TARDE.
Representando a Bahia, Lázaro Ramos, que recentemente esteve em outra produção com Ingrid Guimarães, também faz uma “pontinha” e cita, de maneira bem inusitada, grandes nomes do panteão da terra do axé como Ivete Sangalo, Dodô e Osmar. A gravação com o baiano, no entanto, não foi nada fácil de se fazer, explicou Tatá.
“A gente teve crises de riso, de prejudicar o filme. Susana falava: ‘vamos’, e a gente rindo. Acho que foi a cena que eu tive mais crises de riso”, revelou ela.
Mas além dos encontros e reencontros, Minha Irmã e Eu é especial para Tatá e Ingrid por outros motivos. Tatá, por exemplo, participou da concepção do roteiro, levando para dentro os seus improvisos, e Ingrid assinou não só o roteiro, como também a própria produção do longa-metragem rodado em Goiás, local onde nasceu e foi criada. Devido à pandemia, contando do roteiro à concepção, o projeto foi o mais longo no qual Ingrid e Susana Garcia estiveram envolvidas.
Ingrid falou com emoção sobre ter se inspirado nas suas lembranças de infância na capital e no interior de Goiás para levar alguns elementos para o filme, entre eles, a paixão da população pela música sertaneja e as relações familiares.
“Toda vez que alguém fala nesse assunto comigo, eu fico meio feliz e emocionada, porque eu vim de Goiânia, muita gente não sabe. Eu faço personagens muito modernos no cinema e eu sempre tive o sonho de falar um pouco do interior, de onde eu vim, de uma forma não estereotipada”, pontuou.
Donas da bilheteria
Amigas de longa data, Ingrid e Susana fazem, literalmente, uma parceria de “milhões”. Enquanto Ingrid é a terceira atriz brasileira mais vista nos cinemas do país, com recordes graças a franquia De Pernas pro Ar, Susana assina aquele que ainda é o filme nacional com a maior bilheteria do país, Minha Mãe É uma Peça 3. Questionadas pelo Cineinsite A TARDE sobre a expectativa de público para Minha Irmã e Eu, as duas disseram não esperar que a nova comédia alcance os mesmos números dos sucessos anteriores.
“As pessoas sempre colocam essa pressão sobre a gente. Mas estamos super conscientes de que esses números grandes são muito difíceis”, afirmou Susana. “O mercado mudou, pós-pandemia, pós-governo, sem nenhum tipo de incentivo. A gente tem essa consciência. Além de tudo, acho que as pessoas estão com menos dinheiro também na situação atual do Brasil. E existe uma coisa que é o hábito, né? Essa coisa da pandemia, mesmo, que as pessoas se acostumaram muito a ver filme em casa”, completou Ingrid.
Mas ainda assim, a atriz não deixa de apostar as fichas no longa, principalmente, pela premissa de identificação que ele pode gerar. “Esse filme é uma tentativa de pegar uma diretora que tem a mão do popular, duas atrizes de gerações diferentes e que tem um público próprio e uma história que eu acho que atinge todo mundo”.
A parceria entre Susana e Ingrid vai continuar no próximo ano, em um projeto futuro que trará ainda Mônica Martelli, outro grande nome da comédia. Para Susana, o fortalecimento deste protagonismo feminino, tanto na atuação, quanto na sua direção, reflete um movimento atual na sociedade. “É o que está acontecendo na sociedade, que são mais mulheres no poder, que são mais mulheres mostrando do que são capazes”.
Com produção da Paris Entretenimento e coprodução da Paramount, Telecine, Simba e Globo Filmes, Minha Irmã e Eu tem distribuição da Paris Filmes.
*Viajou à convite da Paris Filmes