A contação de histórias para crianças em escolas públicas de Salvador é o objetivo do projeto “Literama Infantil”, que contempla nesta segunda edição quatro colégios e uma ONG na capital baiana. As atividades se estendem entre os dias 4 e 6 de abril e o foco dos livros é uma narrativa que envolva a literatura afro-brasileira e baiana.
A coordenadora geral, Cris Santana, explica: “A ideia do projeto surgiu a partir da ‘Festa Literária Arte e Identidade’, no momento em que nós notamos que o público infantil tem dificuldade de acessar as festas literárias. Então Isabelle Santana, minha filha e também autora do Literama, sugeriu para criarmos um programa em que a gente leve o autor até as crianças nessas comunidades e nessas escolas, sobretudo públicas.”
O mês escolhido para a execução não foi por acaso, já que abril abriga o Dia Nacional do Livro Infantil, 18, e o Dia Mundial do Livro, 23. A proposta surge para democratizar o acesso às obras e despertar representatividade nas crianças, a programação conta com sessões de contações de histórias e momentos específicos com os autores. Para além disso, as instituições selecionadas também serão contempladas com um kit de 30 livros com títulos diversos do segmento.
Para além de reforçar a literatura, ele traz uma questão muito ligada à ancestralidade e a valorização da cultura afro-brasileira, principalmente os escritores e suas histórias. Para que esses jovens, residentes da cidade com mais população negra fora da África, também possam se sentir incluídos no meio literário.
Na quinta (04), foi o primeiro dia de contações e as atividades começaram na Escola Municipal Bosque das Bromélias, com o livro "Quem é Amora?" da autora Márcia Mendes, contada por Raí Santana e continuou com a Escola Municipal 25 de Julho, que recebeu a contação da obra "Ayana e o passeio à lagoa do Abaeté" de Claudya Costta, narrada por Márcia Mendes.
Claudya ressalta a importância de narrativas que celebrem a diversidade e a valorização da beleza preta: “Como mulher negra hoje, lembro da minha infância em que eu era segregada por conta da minha cor e passei por muito racismo. Ao escrever o livro, pensei em trazer uma história que traga empoderamento a essas crianças de hoje.”
Márcia e Claudya, ambas acreditam que a mudança para um Brasil com menos preconceito vem a partir das novas gerações e que educação é o caminho.
“A literatura é instrumento de construção de novos conhecimentos, então quando nós trazemos essa perspectiva das relações étnico-raciais, precisamos ter um cuidado para não trazer também junto alguns estereótipos [...] Graças a esse trabalho de formiguinha de autores da Bahia, de modo especial, percebo que já há uma mudança no olhar da criança que já se identifica com as ilustrações de personagens negros nas nossas histórias”, completa Márcia.
O projeto “Literama Infantil” acontece nesta sexta (05), na Escola Municipal Lagoa do Abaeté, em Nova Brasília de Itapuã, com a leitura de "Kayodê e a árvore das memórias" da autora Kalypsa Brito, contada por Nini Kemba Náyó e na Escola Municipal Jardim das Margaridas, com apresentação do livro "Estados Unidos da África" de Anderson Shon e contado por Chao Gizan.
No sábado (06), para encerrar o cronograma, a contação será na Escologia Ponto de Cultura Parque de Pituaçu, com a leitura do livro "Será que as mães viram estrelas?" da autora Paula Brito, narrada por Helena Nascimento. O projeto foi contemplado pelo edital Territórios Criativos, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.
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