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Fechamento total - 30/05/2025, 07:00 - Vitória Sacramento*

Rádios comunitárias discutem fortalecimento e papel social

Encontro aconteceu no auditório da Legião da Boa Vontade (LBV)

Reunião foi realizada na Avenida Bonocô
Reunião foi realizada na Avenida Bonocô |  Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Distantes dos grandes veículos de comunicação, as rádios comunitárias seguem sendo a principal ponte entre a informação e as comunidades de Salvador. Na manhã desta quinta-feira (29), cerca de 40 radialistas se reuniram no auditório da Legião da Boa Vontade (LBV), na avenida Bonocô, em Salvador, para compartilhar experiências, fortalecer redes e debater o papel social dessas emissoras nas periferias da cidade. O encontro, acompanhado de um café da manhã coletivo, reuniu comunicadores de diferentes bairros que, juntos, alcançam milhares de ouvintes diariamente com informações de utilidade pública, música local, denúncias e prestação de serviço.

“Esses encontros são fundamentais para fortalecer os laços entre os gestores, trocar ideias e motivar quem está começando”, destacou Paulo Afonso Soares Santos, o Paulo UFP, gestor da Rádio Copacabana, no ar há 24 anos, no bairro de Cosme de Farias. “Falamos muito pelas redes sociais, mas é diferente olhar no olho, ouvir as histórias e renovar as forças”, completou.

Mais do que eventos simbólicos, essas trocas refletem a força e a urgência das rádios comunitárias, que seguem resistindo diante da falta de apoio institucional e da escassez de recursos. “A rádio comunitária foi criada para atender quem não tem acesso aos grandes meios. É dar vez e voz ao artista local, ao grupo de teatro do bairro, à dona de casa que quer denunciar um esgoto estourado”, resume Paulo, que também é fundador da APRACON — Associação dos Profissionais de Comunicação e Rádios Comunitárias da Bahia. A entidade já qualificou mais de 360 comunicadores em todo o estado.

Sullivan Santos, da Rádio Lobato News, no subúrbio ferroviário, vê na rádio um canal de acolhimento e resolução. “Todo dia marca a gente. Uma mãe que perdeu o filho e não tem como pagar um caixão, vem chorar na rádio. A gente liga, corre atrás. E quando a comunidade reconhece esse trabalho, é o maior presente”, conta.

Rotina das rádios comunitárias ainda é marcada por obstáculos
Rotina das rádios comunitárias ainda é marcada por obstáculos | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Apesar da importância inegável, a rotina das rádios comunitárias ainda é marcada por obstáculos. Jair Chiada, que comanda três emissoras em Salvador, reclama da falta de diálogo com algumas empresas, bem como a ausência de apoio financeiro e institucional. “Os governos investem milhões em grandes rádios comerciais. E a gente, que conhece o beco, o problema do bairro, fica sem suporte. Não somos reconhecidos como deveríamos”, lamenta Sullivan.

Entre as vozes que se destacam está a de Lília Santos, gestora da Rádio Estilo LS, em Pernambués. “Comecei na Rádio Copacabana, e hoje sonho em expandir para outros bairros. A rádio comunitária é onde o artista sem dinheiro pode tocar sua música, onde a pessoa que perdeu um familiar encontra ajuda. Somos rede de apoio”, diz, completando: “As portas estão abertas para quem quiser conhecer, participar, sugerir.”

A essência das rádios comunitárias está na escuta, na presença e na confiança mútua entre comunicador e comunidade. “Não somos robôs. Somos gente falando com gente. O ouvinte liga, pede música, desabafa. É aniversário? A gente manda parabéns. Caiu energia? A gente cobra da prefeitura”, resume Jair.

Para Paul, a rádio comunitária é patrimônio cultural, educativo e social. “Ela só existe porque o povo acredita. É um meio de transformação real. E precisa, urgentemente, ser valorizada”, finaliza.

*Sob a supervisão da editora Kenna Martins

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