Lançado em 2007, Ó Paí, Ó mudou por completo a maneira como a Bahia era retratada nas grandes telas, conseguindo representar fielmente o que é “ser baiano”. A produção foi um sucesso estrondoso e os fãs clamaram por uma continuação. Depois de 15 anos, a espera finalmente acabou com o lançamento de Ó Paí, Ó 2 nos cinemas de todo o Brasil, nesta quinta-feira (23).
A trama acompanha o cantor Roque (Lázaro Ramos), que está prestes a lançar sua primeira música, porém, todos são pegos de surpresa com a notícia de que Neuzão (Tânia Tôko) perdeu o bar. Assim como o próprio lançamento, o roteiro também se passa 15 anos depois do primeiro longa. Os personagens também envelheceram junto com o público e isso acaba sendo explorado para mostrar interações entre diferentes gerações.
Apesar da Bahia ser o lar de grandes cineastas, como Roberto Pires e Glauber Rocha, sempre existiu um receio do público quanto às representações do estado no cinema, que acabavam por mostrar o povo baiano sempre de forma caricata. Isso mudou com o primeiro Ó Paí, Ó, que apresentou a verdadeira realidade dos soteropolitanos. Essa qualidade continua na nova produção, que se mantém fiel ao material original.
Assim como era esperado, o humor do filme é maravilhoso. Com situações inusitadas que apenas os baianos conseguem se identificar, a comédia do filme não é apenas engraçada, mas também ajuda na sensação de representatividade. Por falar nisso, o longa aborda diversas pautas sociais importantes, como o racismo, uso da tecnologia para o sustento, saúde mental e a causa LGBT.
Por tentar abordar diversos assuntos diferentes, a obra acaba por não desenvolver cada um deles, fazendo com que alguns temas pareçam deslocados em meio ao enredo. Além disso, a falta de desenvolvimento também afeta algumas subtramas, ao ponto de que certos problemas nem são resolvidos. Por fim, embora o elenco inteiro brilhe no carisma, alguns personagens acabam sendo jogados para escanteio.
Ó Paí, Ó 2 acaba não superando o primeiro, mas está longe de ser ruim. Mesmo com problemas, o filme consegue ser uma experiência hilária e que provoca a reflexão do público. Mais de uma década depois, o elenco continua com o mesmo carisma e química entre os atores. O filme consegue entregar o que a Bahia tem de melhor: o povo baiano.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos