O Padre Fábio de Melo afirmou que sua família sofreu e ainda sofre com a traição do pai no casamento com a mãe e com os problemas alcoólicos dele.
Ele participou do 'Conversa com Bial' e falou do seu novo livro, "A Vida É Cruel, Ana Maria: Diálogos Imaginários Com Minha Mãe".
Ele abordou uma parte do livro em que afirma que, com a morte da mãe, morreu também sua obrigação de ser feliz. Na obra, ele questiona se a frase é uma confissão de desencanto, de desistência, ou um grito de libertação.
"É um grito de libertação. Sempre que pensava na morte da minha mãe eu sabia que seria o pior dia da minha vida. Então eu vivi de fato o pior dia da minha vida. E quando eu vivi a experiência definitiva daquela finitude com ela, da minha relação com ela, vivi uma libertação também. Eu agora posso morrer. Vi minha mãe sepultar duas filhas, vi minha mãe visitar durante quatro anos um filho preso e eu sabia o quanto ela vivia o sofrimento de todos nós", contou o padre.
Ele lembrou que o pai, apesar de "lindo, íntegro, de nobreza de alma" quando sóbrio, se transformava em outra pessoa quando bebia.
"O meu pai alcoolizado era um homem completamente diferente do homem sóbrio que nós tínhamos no dia a dia. É uma coisa que insisto muito como padre nas minhas pregações. O álcool destruiu a minha casa, continua destruindo pois ainda é um problema na vida de alguns irmãos. É genético, não tenho dúvida disso".