
A A24 conseguiu transformar a indústria do terror nos cinemas. Com filmes que costumam investir em simbolismos e abordagens mais psicológicas, o estúdio inaugurou o que é considerado como o “pós-terror”.
Dentre seus diretores, o que ganhou bastante destaque foi Robert Eggers. Embora tenha uma carreira curta, Eggers conseguiu construir um padrão de excelência em suas obras.
Quando o diretor anunciou que seu próximo filme seria um remake de Nosferatu, filme alemão de 1922, os fãs de carteirinha de terror ficaram ansiosos. No filme, é nítida a presença da estética que Robert Eggers foi construindo com o tempo.

Não só isso, como também é claro a maturidade que ele conquistou com os anos. Uma das principais temáticas abordadas por ele em suas obras é os papéis de gênero.
Em “Nosferatu”, Eggers não só volta a refletir sobre esse tema, como também decide usar o erotismo como um dos principais pilares de seu enredo. Historicamente, vampiros são criaturas associadas à luxúria e desejo.
Embora o Conde Orlok seja uma figura monstruosa, ele é essencialmente motivado pelo desejo sexual. Não só isso, como a trama também traz diversos questionamentos sobre moralidade e tesão.
Bill Skarsgård, que ficou conhecido por seu papel como Pennywise em “It - A Coisa", está irreconhecível no papel de Nosferatu. Não só seu visual é intimidador, como seu personagem é muito bem desenvolvido.
Indo além das representações mais famosas dos vampiros, Conde Orlok é retratado como uma figura quase demoníaca. O personagem é descrito como a personificação do próprio mal e deixa claro o porquê de ser chamado assim.
O resto do elenco da obra também merece elogios. Willem Dafoe retorna sua parceria com o diretor, dando vida a um excêntrico pesquisador. Nicholas Hoult, que recentemente vem ganhando destaque em Hollywood, entrega muita emoção interpretando o protagonista Thomas Hutter.

“Nosferatu” consegue a proeza de ser um bom filme de vampiro, mesmo que esse gênero tenha se desgastado com o tempo. Apesar de suas qualidades, a obra não consegue o posto de melhor filme do diretor.
O filme comete alguns deslizes, como em sua fotografia. A obra inteira é meio escura, obedecendo um tom de cinza que faz algumas cenas ficarem meio difíceis de entender.
Diferenças entre adaptações
Antes de Robert Eggers se interessar por Nosferatu, o personagem tinha duas adaptações nas telonas. Sua estreia no cinema aconteceu em 1922, quando o diretor alemão F. W. Murnau apresentou ao mundo sua versão de Conde Orlok.
O filme era completamente em preto e branco, além de não ter som, o que acaba gerando uma experiência bem diferente e que foca bastante no impacto visual.
A segunda adaptação da história ocorreu em 1979 sob as mãos do diretor Werner Herzog. O filme de Herzog consegue mergulhar ainda mais a fundo nas questões psicológicas do personagem, sendo amplamente elogiado.
Era de se esperar que a nova releitura também carregasse algumas diferenças. A principal delas está no visual do vampiro, que escapa um pouco da figura pálida e estranha das outras duas versões. Alguns personagens ganham mais espaço para brilhar, como é o caso do personagem de Willem Dafoe.
Confira o trailer de 'Nosferatu' (2025):
*Sob a supervisão do editor Léo Santana