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A noite mais esperada no Ilê Aiyê - 27/01/2023, 16:46 - Anderson Orrico

Noite da Beleza Negra vai escolher a nova Deusa do Ébano neste sábado

O último concurso aconteceu antes da pandemia, em 2020

Candidatas a Deusa do Ébano reunidas na Senzala do Barro Preto
Candidatas a Deusa do Ébano reunidas na Senzala do Barro Preto |  Foto: Rafaela Araújo/ Ag. A Tarde

A Senzala do Barro Preto, sede do bloco afro Ilê Aiyê, no bairro do Curuzu, está exalando o perfume, a beleza e a negritude das candidatas a Deusa do Ébano 2023. A 42ª Noite da Beleza Negra acontece neste sábado (28), levando para o palco não só beleza negra, mas também a consciência étnico-racial para a busca de uma sociedade melhor. O espetáculo tem roteiro e direção geral do dramaturgo, diretor teatral e roteirista baiano Elísio Lopes Jr.

O presidente do Ilê, Antônio Carlos Vovô, comemora o retorno do concurso e reforça a importância histórica. “É muito emocionante esse retorno, apesar de todas as dificuldades financeiras para realizar o evento e contando com pouco apoio. Estaremos mais uma vez exaltando não somente a beleza fisíca. A Deusa do Ilê Aiyê precisa reinar na dança, na garra e também nos posicionamentos”, afirma.

As finalistas, no total 14, tem motivos de sobra para buscarem o título de Deusa do Ébano. A estudante Tailane Brito, de 21 anos, já participou duas vezes da disputa e garante que a cada ano o sentimento é diferente. “A gente fica nervosa, ansiosa, mas com a certeza que tudo dará certo no final", enfatiza.

Aspas

Meu desejo como Deusa do Ébano é unir a comunidade, aproximar a galera preta e dar continuidade à história dos nossos ancestrais, persistindo na luta da sobrevivência e ocupando os espaços, porque nosso lugar é onde quisermos

Tailane Brito, candidata a Deusa do Ébano

Esta é a primeira vez que o concurso tem a participação de uma mulher trans. A esteticista Laís Ferreira, de 26 anos, conta que está fazendo história e se sentindo realizada. “O bloco me ajudou em minha formação, em minha identidade. Foi graças ao Ilê que aprendi a lutar pelos meus direitos e ocupando o espaço que eu quiser. Sou mulher trans, negra, periférica e estarei onde eu possa ser feliz. Me sinto muito emocionada por ser a primeira e de ser tão bem acolhida e abraçada dessa forma”, afirma.

Laís Ferreira é a primeira mulher trans a concorrer como Deusa do Ébano
Laís Ferreira é a primeira mulher trans a concorrer como Deusa do Ébano | Foto: Rafaela Araújo/ Ag. A Tarde

A 42ª Noite da Beleza Negra marca também a despedida da atual rainha Gleicy Ellen Teixeira que, em caráter inédito, reinou por três anos devido a não realização do concurso por dois anos consecutivos de pandemia. É ela que passa o manto para aquela que virá a ser a Deusa do Ébano 2023 e que, junto com o posto, assume a responsabilidade de levar a beleza e os princípios do Ilê Aiyê para os palcos da Bahia, do Brasil e do mundo.

Em entrevista ao Portal Massa!, a atual Deusa falou sobre o orgulho de representar de ter reinado à frente do bloco e manda um recado para a nova escolhida. “Ser Deusa para mim é estar nesse lugar falando sobre a história, sobre o poder e autoafirmação. Eu pude mostrar a minha história, a minha dança, a minha cultura. É bastante importante que nós mulheres pretas, não só as candidatas, entender que não somos rivais. Quando uma mulher preta se levantar, todas nós nos levantaremos. Que a nova Deusa tenha caminhos abertos e que suba naquele palco falando sobre a nossa história porque é muito importante atualmente”, finaliza.

Gleicy Ellen foi a Deus do Ébano entre 2020 e 2023
Gleicy Ellen foi a Deus do Ébano entre 2020 e 2023 | Foto: Rafaela Araújo/ Ag. A Tarde

Outro ponto alto e emocionante da noite será a homenagem ao centenário da matriarca do Ilê Aiyê, Mãe Hilda Jitolu. A cena terá leitura de texto pelo ator Sulivã Bispo, canto da multi-instrumentista mirim Lilica Rocha e balé solo da coreógrafa e professora de dança Edilene Alves, deusa do Ébano de 2009, que fará uma interação com a representação do orixá Omolu, dono de significado profundo relacionado à vida e à morte.

O centenário do herói nacional de Angola, Agostinho Neto, também vai merecer um momento importante do espetáculo. Dessa vez, é o ator Diogo Lopes Filho que encarna a voz poética e a potência desse ícone angolano. Engajado na luta pela libertação do povo de seu país, então colônia de Portugal, Agostinho Neto tornou-se o primeiro presidente de Angola em 1975. Por sua produção literária, marcada por um tom de resistência, ficou conhecido como “poeta maior”. O Ilê Aiyê dedica a ele o tema do seu Carnaval 2023.

Além da Band’Aiyê, anfitriã da casa, a banda Afrocidade é a grande convidada para animar a noite e celebrar a vitória da nova Rainha do Ilê Aiyê. O som da Afrocidade nasceu da mistura de variadas expressões da música negra. É uma mistura de letras politizadas, com ritmos populares como o arrocha e o pagode, além da música afro, dub jamaicano, o reggae, o ragga e o afrobeat. Além de saudar os tambores da África, a Afrocidade reafirma em suas letras a força, importância e influência direta dos valores étnicos baianos e brasileiros.

SERVIÇO:

42ª Noite da Beleza Negra

Onde: Senzala do Barro Preto – Rua Direta do Curuzú, s/n, Liberdade

Quando: 28 de janeiro

Horário: A partir das 20h.

Atrações musicais: Band’Aiyê e Afrocidade

Ingressos: https://bilheteriadigital.com/deusa-do-ebano-2023-28-de-janeiro

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