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A mais quente! - 26/01/2023, 09:24 - Jade Oliveira*- Atualizado em 26/01/2023, 13:07

Ninfeta dá voz a pagode sem filtro

Invadindo o cenário de música masculina, a artista baiana canta sobre sexualidade e o lado da mulher nas relações

Ninfeta é um dos novos nomes do pagodão
Ninfeta é um dos novos nomes do pagodão | Foto: Denisse Salazar/AG. A TARDE

Tá sentindo o calor? É a ninfeta mais quente de Salvador! Autonomeada com inspiração nas figuras da mitologia grega, as ninfas, a cantora Natália Araújo, 24 anos, assume a figura artística poderosa e sem tempo para a fraqueza. Cantando pagodão baiano, a artista lança seu ep “Chá de Ninfeta” com quatro músicas: a faixa título, “Sento pro Vagabundo”, “Desilusão” e “Troco do Corno”.

As letras passeiam da sensibilidade emocional até a vida sexual, mas sempre no bom pagodão. “Os homens sempre tiveram a chance de falar nas músicas ‘ah peguei fulana, macetei fulana’ e a versão da mulher nunca aparecia. Às vezes nem foi tão bom pra ela assim. Eles já contaram muito a versão deles. Agora é a minha vez de ter o protagonismo. Não somos só figurinha de cena”, ressalta Natália.

O desejo de subir nos palcos foi aflorado pela veia artística da mãe, que é artesã e pintora. Natália se encontrou nos palcos de teatro e nos shows de drag para, finalmente, apostar suas fichas na música. “As pessoas falavam que eu não tinha voz, e que cantar não era pra mim. Como eu gosto de obstáculos e desafios, questionei isso e decidi me lançar na carreira musical”.

Encantada pelo universo dos paredões e o ambiente de liberdade do pagodão, Natália escolhe apostar no ritmo para quebrar paradigmas. Janeiro é o mês da Visibilidade Trans e a cantora fala do quanto o pagode lhe empoderou e ajudou a seguir seu sonho na música. “Escolhi o pagodão porque eu vi aquele movimento majoritariamente masculino e cis. Não tinha nenhuma mulher, principalmente mulheres trans e travestis. Quando eu me lancei, só tinha Leo Kret”, conta a cantora.

Após sair de dupla musical com uma amiga, Natália reformula sua identidade visual e musical, fazendo nascer “A Ninfeta”, fruto de vídeos de humor em suas redes e do bordão que acabou pegando: “Tá sentindo o calor? É a ninfeta mais quente de Salvador!”. A primeira música lançada foi “Gozou Rápido”, feat com Apache Habdala, da famosa Violeira da Apache. “Foi uma música bem acolhida pelo público. Tocou nos paredões, em várias cidades do interior da Bahia. Essa música rodou bastante e muita gente não sabia que era eu que tava cantando”, lembra.

Inspiração para compor

O EP "Chá da Ninfeta" foi lançado em 23 de dezembro do ano passado, depois de um ano pensando no projeto. O desejo surge depois de sentir falta de mais repertório para shows. Com quatro faixas, o trabalho inclui também feat com Rai Ferreira. Compositora de suas letras, Natália conta de onde tira as inspirações para escrever. "’Sento pro Vagabundo’, por exemplo, surgiu numa entrevista de emprego com um amigo meu. Começamos a improvisar versos na sala de espera e já tinha uma música alí. Ajustei a letra e pronto" explica. "Desilusão" tem mais o lado frágil, Natália, do que o forte da Ninfeta. "É o que vai acontecendo na minha vida. Ficando com um homem, me iludindo, quebrando a cara, até achar o príncipe encantado”, brinca.

*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos

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