
Um estudo feito por médicos baianos da Clínica Florence ganhou destaque internacional, sendo publicado na revista Critical Care Science, que tem grande relevância na área da saúde. Com divulgação recente, o trabalho dos profissionais aborda a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) nos cuidados pós-UTI e analisa como isso pode melhorar os desfechos de pacientes mais dependentes ou complexos.
“O tema de cuidados pós-UTI tem sido cada vez mais discutido tanto na comunidade médica quanto na científica em geral. Antes, era algo completamente negligenciado. Na década de 90, ir para a UTI era quase uma sentença de morte, mas, com os avanços médicos, temos conseguido melhorar os tratamentos e mais pessoas têm sobrevivido”, disse João Gabriel Ramos, o intensivista e diretor médico da Clínica Florence, que liderou o estudo.
Graças ao avanço da Medicina, pessoas com idade avançada e doenças graves têm chegado à UTI e conseguido sobreviver. Esse fato positivo acabou trazendo à tona a ‘síndrome pós-UTI’, que envolve as sequelas do tratamento e da doença aguda. “Muitas pessoas não sabem que essas sequelas precisam ser observadas e tratadas”, acrescentou o médico.
Além de João Gabriel Ramos, o estudo também é contou com os médicos Michele Bautista, Rafael Calazans, Lucíulo Melo e Cassiano Teixeira. Juntos, eles exploram a maneira em que intervenções direcionadas e planos de manejo personalizados podem ajudar significativamente a assistência após a alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A prática do que foi estudado
Quem viveu isso na prática foi a dona Josenita Vitório, paciente da clínica. Ela ficou 92 dias na UTI e foi encaminhada para a Clínica Florence. Após ser submetida a uma cirurgia de intestino, Josenita sofreu uma série de complicações que a fizeram permanecer por muito tempo internada e perder funcionalidades e independência. Depois da reabilitação, ela conseguiu realizar o sonho de voltar a andar. “Eu disse que, ao entrar aqui, eu sairia recuperada, andando, embora eu tivesse chegado sem nenhuma movimentação”, contou.
O estudo investiga justamente a relação entre a doença crítica e a fragilidade, mostrando que uma pode piorar a outra. Ele concluiu que até 45% dos pacientes podem se tornar frágeis 90 dias após saírem da UTI e quase metade desses casos pode piorar com o passar do tempo. Nesse sentido, o acompanhamento após a saída da UTI se torna essencial, focando não só no paciente, mas também nos familiares que os acompanharam nesse processo.

"Todos os nossos protocolos de atendimento relacionados aos cuidados pós-UTI, tanto na prevenção quanto no tratamento da síndrome pós UTI, envolvem os familiares", explicou Ramos.
O médico também falou sobre a atenção que devemos ter com as sequelas, pois é algo que varia de paciente para paciente: "Há sequelas físicas, como incapacidades e dificuldade de realizar atividades cotidianas; psicológicas, como depressão e ansiedade; cognitivas, como dificuldades de memória e aprendizado; e sociais, como perda de emprego e dificuldades de reinserção na sociedade. As sequelas mentais e psicológicas são as mais frequentes e muitas vezes incluem transtornos de humor”.
Por isso, a analise apontou que hospitais de transição são essenciais para a recuperação adequada e plena desses pacientes. “Aqui na Clínica Florence, que é um hospital de transição, o primeiro do Norte/Nordeste, nós contamos com atendimento humanizado e equipes médicas e multiprofissionais treinadas, incluindo nutricionistas, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico e assistente social, além de médicos especializados em Cuidados Paliativos, Terapia Intensiva, Geriatria ou Clínica Médica”, finalizou.