A leitura é um hábito normalmente associado a ideia de solidão, sendo retratada como algo que se deve fazer sozinho e em silêncio. Com o crescimento das redes sociais, essa ideia vem mudando aos poucos e diversos influenciadores literários vem surgindo. Esse é o caso de Tiago Valente, Patrick Torres e Babi Dewet, que participaram de uma mesa sobre o poder da web no mundo literário durante a Bienal do Livro, nesta segunda-feira( 29).
"Acho que a facilidade que a gente tem hoje de compartilhar nossas leituras em qualquer rede fez com que os leitores possam fazer parte de grandes clubes do livro não necessariamente de um jeito formal", comentou Tiago Valente, criador de conteúdo relacionado a livros.
Para ele, com o surgimento das redes sociais, o conceito de clube do livro foi se transformando. "Eu acho que o contato físico faz muita falta, mas a internet permite que a gente faça isso com milhares de pessoas. Isso é muito rico, traz empatia e faz com que a gente conheça outras realidades", acrescentou.
Já Tiago defendeu que as redes sociais são essenciais para que novos públicos se sintam interessados pela leitura. "Isso apresenta a literatura para outras pessoas que não tinham se interessado antes. Acho que falar de livros nas redes tem um papel social muito importante", indicou.
Entretanto, o papel da internet atualmente não interfere apenas a vida de quem produz conteúdo, mas também de quem escreve livros. "A gente se conecta com pessoas completamente diferentes e a gente consegue aprender sobre elas. Isso me conecta com a minha própria escrita", explicou Babi Dewet que, além de escritora, também é blogueira.
Babi começou a carreira de autora escrevendo fanfics, um gênero literário que se popularizou na internet por ser de fácil circulação e consumo. Reunindo muitos escritores iniciantes, as fanfics são o pontapé inicial de muitos escritores. "É algo que eu ainda gosto de ler e produzir. Acho que tem muito escritor bom que começou nas fanfics e que não consegue sair dali por conta do preconceito que o gênero sofre", explicou.
Do ponto de vista mercadológico, as plataformas digitais também acabaram se tornando aliadas para quem quer lançar seu primeiro livro e não tem condições de contratar uma editora. "Para além de escrever a história que eu planejei, eu também tenho que pensar em como eu vou promover ela nas redes sociais. Então, tenho que pensar o que tem na história que eu possa pegar e jogar como um trecho de um Tiktok para fazer ele bombar", disse Roberta Gurriti, escritora e jornalista.
Roberta também ressaltou a maneira como a internet criou uma proximidade entre ela e seu público. Segundo a autora, isso já foi crucial durante seu processo de escrita. "Eu acho que a gente precisa estar aberto a ouvir o que está funcionando. Não adianta eu não ouvir o que a galera tem para me dizer e fazer uma história do jeito que eu quero porque ela não vai ser consumida", pontuou.
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