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A busca pela perfeição é uma maldição que pode atingir qualquer tipo de artista. Em meio a essa jornada para alcançar a “obra de arte ideal”, muitos acabam sacrificando tudo — até mesmo suas vidas. Existem incontáveis filmes que falam sobre esse tipo de história. 'O Brutalista', que acumula 10 indicações ao Oscar, se une a essa lista de produções que retratam os perigos nessa corrida atrás do “perfeito”. O longa chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20).
Se ligue no trailer:
O filme acompanha o arquiteto judeu László Tóth (Adrien Brody), que foge para os Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. O brutalismo, ramo da arquitetura moderna que inspirou o filme, é peça central dessa história. László é um artista e seu pincel é um concreto.
A única forma de entendermos o personagem é olhando para sua arte, olhando para seus prédios.
Essa não é a primeira vez que Adrien Brody protagoniza um filme que aborda as consequências da guerra. Depois de uma performance memorável em O Pianista, o ator consegue repetir o feito e entrega outra atuação surreal. O papel de Brody é carregado de emoção e sensibilidade, tornando ele uma das principais apostas para levar o Oscar de Melhor Ator.
Mas não é apenas o protagonista dessa história que merece elogios. Guy Pearce e Felicity Jones, que estão na corrida para levar o Oscar nas categorias destinadas aos coadjuvantes, também estão com performances extremamente impactantes. O roteiro é muito bem articulado entre esses os três personagens, embora acabe não deixando muito espaço para o resto que está em tela.
O filme foi alvo de polêmicas após a revelação de que a obra teria utilizado inteligência artificial durante algumas cenas. O uso da ferramenta seria para melhorar o sotaque hungaro dos atores. Apesar de despertar um debate ético, o uso de IA não prejudicou a experiência do filme, sendo imperceptível para o público.
Assim como um prédio, O Brutalista tem vários andares. Em cada camada da produção existe uma temática, com algumas ocupando mais espaço que outras. A crítica ao sonho americano, a forma como o antissemistismo perdurou mesmo depois da guerra e o alerta sobre quão perigoso pode ser uma obsessão são apenas algumas das temáticas da obra. O roteiro prende completamente a atenção do público e o filme ecoa em suas mentes mesmo após o fim da sessão.
Três horas que passam voando
Uma das coisas que mais chamam a atenção em 'O Brutalista' é sua duração. Com 3h35m, o filme conta com um intervalo de 15 minutos em sua metade.
Apesar de ser bastante longo, cada minuto é utilizado da melhor forma possível. A produção consegue manter um ritmo muito bom e o diretor Brady Corbet sabe conduzir a história de maneira envolvente.
Apesar de ser uma trama ficcional, o filme usa de uma linguagem bastante parecida com a das cinebiografias, o que fez muita gente pensar que László era um arquiteto real. Por se focar tanto no desenvolvimento de suas peças principais, alguns personagens secundários parecem só estar na trama para ocupar espaço.
No fim, apesar de deixar algumas pontas soltas, o filme aborda de maneira muito satisfatória a vida de um homem que viveu por sua arte. No cinema ou em casa, a experiência é recomendável para qualquer amante de cinema.