Em breve o público vai conhecer a Deusa do Ébano de, a rainha do Ilê Ayê no ano em que o bloco completará 50 anos de existência. A seleção das 15 finalistas ao título rolou na tarde de ontem (26), na Senzala do Barro Preto, sede do Ilê. Cerca de 100 mulheres participaram da segunda fase da seletiva.
Elas foram selecionadas em uma primeira peneira pós-inscrição e, na ocasião dessa terça, estavam em busca da vaga na final. Separadas em grupos de 10, as candidatas precisaram apresentar um requisito extremamente importante para quem quer ser a Rainha do Ilê Ayê: desenvoltura com a dança afro.
Passado o momento de tensão, veio o alívio... mas apenas para 15 delas. A coordenadora do concurso, Jaci Trindade, anunciou o nome das 15 finalistas e destacou que todas já eram vitoriosas por chegar até ali. Uma das classificadas, a empresária Cecília Cadile, não era estreante no concurso.
“É o meu oitavo ano na pré-seleção. Concorri na final em três anos e em 2016 cheguei a ficar em terceiro lugar”, contou. Cecília, que sai no bloco desde criança, considera o concurso uma oportunidade. “Cresci muito participando. A primeira vez que participei foi aos 23 anos, agora, aos 33, amadureci muito artisticamente”.
Entre as 15 meninas também tem estreantes. Na primeira participação, Nadine Ferreira já foi direto para a final. Dançarina profissional, ela viveu, de fato, o processo. “Eu me arrepiei com os tambores, fui tomada pela música que me fez dançar e me sentir uma rainha. Ser Deusa do Ébano vai além do título, é a representatividade da mulher preta”, disse.
As 15 finalistas:
Sarah Moraes dos Santos, Rafaela Rosa Silva Oliveira Leite, Stephanie M. Lobo Brito, Barbara Cristina Sá Sacramento, Nadine Ferreira Borges, Larissa Valéria Sá Sacramento, Cecília Cadile da Silva Santos, Lorena Xavier Silva Santos, Daiane de Souza Conceição, Caroline Xavier de Almeida, Isis Renata do E. S. D. Nascimento, Thuany Vitória Pereira Santana, Cibele da Silva Santos, Tainã de Palmares e Stephane Ingrid S. Santos de Deus.
A grande noite
A grande vencedora será revelada no dia 13 de janeiro, na 43ª edição da Noite da Beleza Negra. O papel da Deusa do Ébano é representar o Ilê ao longo do ano seguinte; esse compromisso já começa no Carnaval, quando desfilará com o tema “Vovô e Popó - com as bênçãos de Mãe Hilda Jitolu. A invenção do Bloco Afro. A se não fosse o Ilê".
A existência da figura da Deusa é uma exaltação à beleza da mulher preta, que sempre foi colocada distante daquilo que é e pode ser belo. Vovô do Ilê, presidente do bloco, falou da relevância desse posto.
“Esse concurso começou aqui na ladeira do Curuzu. A gente pegava pelo braço para chamar para participar. A nossa proposta sempre foi contribuir para o resgate do que é ser negro, ser uma ação afirmativa, o resgate da mulher preta como uma mulher bonita, bela. Os concursos carnavalescos só tinham mulheres brancas, e o Beleza Negra traz esse empoderamento”.