Participando da mesa TV Bahia apresenta: Negritudes em ascensão, no quarto dia da Bienal do Livro Bahia 2024, nesta segunda-feira (29), Vanderson Nascimento abriu o coração ao falar sobre sua trajetória jornalística, sendo o primeiro apresentador negro da TV Bahia, filiada da Rede Globo. A mesa, que teve o intuito de falar sobre a representatividade negra nos meios de comunicação, contou também com a presença de Luana Souza e Muller Nunes.
Conhecido por passar as notícias de forma autêntica e leve, porém com responsabilidade, Vanderson explicou que nem sempre foi assim. Nascido e criado no bairro de Cajazeiras, o baiano só decidiu fazer jornalismo porque escrevia bem e sempre gostou de ler. No entanto, por não ter referências de pessoas negras em lugares de poder, nunca pensou em trabalhar na TV.
“Eu sou cria dessa cidade que eu amo, desse estado que eu sou apaixonado demais e nunca pensei em trabalhar em televisão na minha vida, isso porque o racismo é cruel mesmo, ele faz isso com a nossa cabeça. Eu não pensava porque eu não me via ali, então não era uma possibilidade”, iniciou o jornalista.
Explicando sobre sua carreia na TV Bahia, o apresentador contou que, desde que entrou no quadro de jornalistas da filiada da Rede Globo, tenta fazer essa mudança estrutural na produção, sempre incluindo a representatividade como seu foco principal.
“Na própria Rede Bahia, a redação é uma outra redação de quando eu cheguei 8 anos atrás, é tudo completamente diferente. Hoje a mudança, a diversidade, a cor também está na redação, que é fundamental. Não basta pegar um preto e botar ele na tela, não. Porque não queremos isso e brigamos todos os dias por isso. Quem trabalha aqui comigo lá dentro da TV sabe como é a minha postura, o que eu brigo aqui fora, eu brigo lá dentro, nem um passo atrás pra ninguém. E hoje quando eu olho a redação da TV Bahia, eu falo, agora sim. A redação da TV Bahia tem a cara dessas cidades, tem a cara do nosso povo”, afirmou.
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Contando também sobre seu início como apresentador, o baiano lembrou que já sofreu diversos ataques racistas por causa da sua cor. “Me pararam para dizer que eu não deveria fazer parte de TV Bahia porque eu não tinha a cara dos apresentadores de lá, que eu não era o mesmo padrão”, revelou.
Em seguida, Vanderson disse que depois de algum tempo você aprende a lidar com isso e que ninguém deveria se sentir envergonhado quando esse tipo de situação acontecer, porque “quem deve se sentir constrangido é o racista, e não a vítima”.
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