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Correria! - 23/05/2025, 08:00 - Dara Medeiros

Entre o palco e o delivery: O Poeta fala sobre busca por estabilidade

Cantor de pagodão baiano tem investido em outras áreas profissionais

O Poeta é cantor de pagode baiano e pagotrap
O Poeta é cantor de pagode baiano e pagotrap |  Foto: Arquivo pessoal

Se você viveu a era de ouro da última geração do pagode baiano antes dos bloquinhos e do naipe, provavelmente já ‘quebrou e amassou’ ouvindo as músicas do cantor John Ferreira, mais conhecido como O Poeta. Ele conquistou o público com um som envolvente e teve muito sucesso, mas foi saindo dos holofotes nos últimos meses.

O sumiço do artista deixou os fãs com um misto de saudade dos shows e a curiosidade de saber o que está acontecendo nos bastidores. Em entrevista exclusiva ao MASSA!, o Poeta abriu o coração e mandou a real sobre a conciliação da carreira com a vida de empreendedor. Focado também nos negócios da família, o cantor revelou que deixa a vaidade de lado e, se precisar fazer entrega no delivery, ele faz.

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Dono de hits como 'Bunda no Paredão', 'A 10 e A Faixa', ‘Ela Gosta do Preto’ e ‘Tapa no Vento’, o pagodeiro reconheceu que não ocupa mais o topo da lista de artistas do gênero musical, mas garantiu que continua trabalhando e traçando estratégias para entregar um material de qualidade para as pessoas.

“Não tô no auge. Hoje em dia eu estou numa fase de reconstrução, atualizando o repertório, trazendo coisas diferentes para poder entrar nesse meio. O pagode vem passando por algumas mudanças e aí a gente precisa estar avaliando bem o que vai colocar na pista, né?! Para não estar queimando a carreira, não estar também se misturando com o que está proliferado”, declarou.

Imagem ilustrativa da imagem Entre o palco e o delivery: O Poeta fala sobre busca por estabilidade
Foto: Arquivo pessoal

O Poeta disse que não deixou a carreira para trás e que esse momento de baixa adesão popular foi causado naturalmente pelas próprias transformações no Pagodão. Como a febre do momento é diferente do som que produz, ele acaba pagando um preço por manter a sua essência, assim como outros artistas que não aderiram aos bloquinhos.

“A galera está bem na vibe do naipe. Fica todo mundo mesmo na onda, curtindo o naipe, então qualquer coisa de diferente que a gente lança, a galera não curte muito e aí fica meio que o trabalho jogado no lixo”, explicou ele.

Relembre uma das canções dele:

Aspas

Às vezes a gente trabalha imaginando que aquele lançamento vai ser um sucesso ou não, mas quem vai dizer isso é o público. Saber o que o público está querendo é muito importante

Apesar da chegada do novo estilo do pagode baiano, O Poeta não sente raiva ou rancor das bandas que ocuparam o lugar da swingueira. Do ponto de vista dele, há espaço para todos e essas variações fazem parte da vida de artista.

“Com certeza não guardo rancor. Eu acho que é movimento, é desse jeito mesmo que as coisas fluem. Antigamente a galera curtia mais ali aquele lance do pagode da New Hits, que era um cara cantando e vários homens dançando. Você vê que a La Fúria também veio nessa mesma pegada, Robyssão também. Daqui a pouco veio a banda Invasão com uma pegada diferente e, naquele momento em que a Invasão estava fazendo muito sucesso, o pagode deu uma transformada. Depois veio O Poeta com a pegada mais falante, um pagode mais puxado para um pagotrap, com um jeito diferente de cantar. Aí, daqui a pouco, vem chegando O Kannalha, Oh Polêmico e a galera do naipe.”, argumentou.

O lado empreendedor de John Ferreira

Existe uma versão do cantor O Poeta para além da música que é pouco conhecida pelo público. Quando está longe do estúdio de gravação e da rotina de shows, o artista assume o lado John Ferreira e se dedica ao empreendedorismo. Ele investiu em outros dois ramos para encontrar estabilidade financeira e atualmente é dono de uma loja de roupas e tem uma pizzaria em sociedade com familiares.

“Eu sou uma pessoa que gosta muito de aprender, gosta muito de estar construindo algo para, financeiramente, alcançar uma estabilidade na minha vida. Eu tenho 32 anos de idade, o tempo está passando muito rápido, daqui a pouquinho já são 40 anos, então é isso que eu gosto de fazer: arriscar planos para poder construir minha estabilidade financeira, a minha e da minha família”, explicou ele ao MASSA!.

O Poeta tem uma loja de roupas e uma pizzaria
O Poeta tem uma loja de roupas e uma pizzaria | Foto: Arquivo pessoal

Experiente, ele abriu o jogo sobre a instabilidade presente na vida de pessoas que vivem da arte: “Ficar dependente de uma coisa só não dá certo, porque, como vocês podem ver, o mundo da música tem seus altos e baixos. Às vezes você está vivendo ali o seu momento de sucesso, às vezes você não está. A música é só uma coisa e a gente tem várias outras coisas também para desfrutar”.

A vontade do Poeta de realizar sonhos e metas é tão grande que ele não pensa duas vezes antes de arregaçar as mangas para trabalhar pesado. Volta e meia, quando o fluxo de clientes é maior, ele sobe na moto e faz entregas de pizza e salgados para os clientes do negócio da família.

Para os fãs, abrir a porta de casa e se deparar com um cantor que admira fazendo delivery é uma grande surpresa. “A galera fica impressionada e eu levo tudo na leveza. A galera tira foto, filma, e eu falo de boa, dou atenção também como artista. Eu posso estar como for, entregando, na fila do mercado, posso estar em show, posso estar em casa… Podem falar comigo em qualquer lugar”, declarou.

O Poeta frisou que não se incomoda em fazer entregas: “Não é nada que eu me envergonhe, muitos artistas teriam vergonha disso, mas no meu caso eu me orgulho muito, inclusive! Me fez e faz muito bem”.

Os próximos passos do cantor O Poeta

Atualmente, o artista tem se organizado para o período do São João. Ele vai lançar um CD temático em breve. “A gente vai estar lançando um repertório atualizado. A gente coloca uma ou duas músicas novas e agrega com algumas músicas que já são sucessos, e toca do jeito do Poeta”, contou.

Apesar das bandas de pagode baiano não terem tanto destaque na festa junina, algumas cidades são adeptas ao ritmo e os paredões estão sempre dispostos a tocar os sucessos do momento.

“O São João não é uma data que favorece muito o pagodão, é uma data que favorece mais os gêneros musicais do forró, do sertanejo, mas a gente não pode deixar de trabalhar, porque quando a gente para de trabalhar é que as coisas não acontecem. Então a gente vai continuar trabalhando”, explicou.

Logo depois das festas de Santo Antônio, São João e São Pedro, O Poeta vai focar em trabalhos para o verão, que é a estação do ápice do pagode baiano. “A gente vem trabalhando o ano todo transformando o repertório, a linha de frente, a banda, e quando vai chegando o verão, a gente faz uma entrega master”, disse ele.

Por fim, o artista está de olho no futuro e declarou que pretende seguir a vida como produtor musical daqui a alguns anos. O objetivo dele é ter mais tempo para a família, impulsionar novos cantores e poder descansar mais.

Aos poucos, ele tem se capacitado a exercer a nova profissão. “Eu já tô nesse caminho, me fazendo um pouco de produtor musical. Hoje, graças a Deus, eu tenho meu próprio estúdio, eu já me autoproduzo e produzo algumas pessoas também, alguns amigos. Estou naquele processo inicial já para me profissionalizar e já tô pensando em iniciar cursos”, concluiu.

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