
O grupo Fantasmão fez história na música baiana ao criar um projeto único e revolucionário de pagodão. Com letras fortes e reflexivas, a banda fez parte de uma era de ouro do ritmo, dando voz aos desafios, dores e alegrias da favela.
Prestes a completar 20 anos na estrada, o Fantasmão volta aos palcos com o comando do cantor Edcity para uma turnê especial comemorativa, mas encontra o gênero musical com uma roupagem completamente diferente: bloquinhos, naipe e o fim do groove arrastado.
Leia Também:
Para Edcity, que passou 15 anos como vocalista da banda e se manteve fiel ao espírito crítico do pagode baiano ao longo de toda a sua carreira, é preciso voltar a explorar questões sociais nas canções.
“A essência precisa voltar, né? Claro que cada um tem o seu trabalho, tem o seu jeito de fazer música, tem suas escolhas, mas é muito importante a gente usar o pagode, que é um ritmo tão popular no nosso estado e no Brasil, para falar de temas sensíveis, temas importantes, fortalecer mesmo aqueles que mais precisam, não só de forma de material, mas de forma reflexiva”, disse ele ao MASSA!.
Conhecido por hits clássicos como 'Conceito', 'Gaiola', 'Dura Realidade', 'Tem que Ser Viola' e 'É Massa', o Fantasmão pretende continuar remando contra a maré das músicas com hipersexualização, apologia a drogas e ao crime. O objetivo é aumentar a autoestima e o conhecimento das pessoas.
Que as pessoas possam entender mesmo que elas podem mais, podem saber dos seus valores, dos seus direitos e saber se impor de forma crítica
Edcity

Nostalgia do pagodão raiz
A notícia da turnê de 20 anos do Fantasmão animou o público e causou uma onda de nostalgia em quem acompanhou o crescimento do grupo e de outras bandas que também levantaram a bandeira da valorização da cultura das comunidades soteropolitanas.
Edcity se emocionou ao receber tanto carinho e apoio das pessoas: "É muito importante, né? O Fantasmão marcou uma geração inteira e tem a memória afetiva sim. São momentos que são insuperáveis, independente do estágio da carreira que a gente esteja, de muito sucesso ou não, sabe?”.

O artista ainda relembrou de algumas histórias que presenciou enquanto estava começando a carreira. “São momentos insuperáveis. As pessoas faziam das tripas coração, no popularzão, para estar ali no show, às vezes sem o dinheiro para sair e para voltar, sem o dinheiro do ingresso. O cara conheceu a esposa dele lá no show, dentro de tantas histórias incríveis… Apresentar isso é muito marcante para mim, é emocionante mesmo”, pontuou.