Nunca é tarde para tentar algo novo e o baiano Daniel Dorea é a prova disso. Com uma carreira consolidada no jornalismo esportivo, ele decidiu cair de cabeça no mundo da música. Depois de 10 anos como cantor, o artista comemora o lançamento de Grande Coisa, seu primeiro álbum autoral. O músico vai se apresentar nesta quinta-feira (23) no teatro do Goethe-Institut, no Corredor da Vitória, a partir das 20h. Ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla.
“Ser artista é muito difícil, e eu sempre soube disso, por isso demorei tanto a ter coragem”, comentou em entrevista ao MASSA!. Sua relação com a arte começou ainda cedo, por influência dos pais. Desde então, Daniel nunca se afastou da música. “Acabei seguindo a carreira de jornalista, mas a música sempre esteve aqui. Nunca deixei de tocar para mim, para os amigos, compor”, afirmou.
O jornalista começou cantando em bares, experiência que acabou influenciando seu trabalho até hoje. “Me tirou um pouco da insegurança e timidez, embora elas continuem aqui”, explicou. Porém, a decisão por optar em investir de vez na sua segunda profissão só veio durante a pandemia. “Comecei a ter contato com grandes artistas baianos, que me inspiraram a adicionar novos elementos às minhas canções”, relembrou.
Composto por dez faixas, Grande Coisa mostra um pouco da perspectiva do jornalista sobre os últimos anos. “Fiz durante o período mais recluso da pandemia e que, em geral, trazem uma visão minha sobre nossa vida, sobre o Brasil, o mundo, nossa situação”, começou. Apesar disso, ele esclarece que o público também desempenha um papel importante no significado das canções. “O ouvinte vai construir suas próprias mensagens a partir do que interpretar das canções”, completou.
O show marca um novo passo na vida do músico, mas que também traz muitos desafios. “É muito difícil a divulgação de um show em teatro, que não oferece o ambiente festivo, a cervejinha, o bate-papo, a diversão mais comum”, admitiu. Apesar das dificuldades, ele conta que já tem planos para um próximo lançamento. “Já tenho canções para um próximo disco e estou muito ansioso para recomeçar a produzir”, revelou.
O jornalista assumiu que a música sempre foi seu refúgio durante os momentos de reflexão, coisa que não encontrou no jornalismo. “Eu jamais peguei uma caneta para escrever uma matéria ou um texto qualquer nesses momentos”, detalhou. Por fim, Daniel apontou que mesmo sendo uma parte importante de sua vida, o trabalho como jornalista não influencia suas produções. “Escrevo minhas canções de uma maneira que me distancia bastante do meu trabalho como jornalista”, garantiu.
Início de carreira cantando Belchior
Enquanto ainda tocava em bares, Daniel ficou muito conhecido por apresentar versões das composições de Belchior. O cantor cearense era um dos artistas que Dorea ouviu durante a infância. “A simplicidade das melodias misturada à profundidade do discurso sempre me encantou”, admitiu.
Em 2017, ano marcado pela morte de Belchior, o baiano começou um tributo em sua homenagem. A recepção do público foi positiva e esse projeto foi responsável por começar a alavancar o nome do jornalista no mundo da música. “As pessoas vão para contemplar as canções, as letras, mesmo que em bares ou espaços não tão próprios para uma integração mais profunda entre artista e público”, defendeu.
A experiência também foi responsável por um certo amadurecimento de Daniel. “Me fez entender melhor o quanto algumas pessoas gostavam de me ouvir”, destacou.
Gênero ultrapassado?
Mesmo com um estilo mais calmo ao som do violão, Daniel considera Grande Coisa como um álbum de rock. Ele alega que, principalmente na Bahia, esse estilo musical não costuma ser tão valorizado. “Percebo que há um espaço pequeno para quem investe numa música, digamos assim, mais ‘contemplativa’”, pontuou.
Mesmo o gênero não estando tão em alta como costumava a ser, o baiano afirma que isso não o desmotiva em nada. “Eu faço a música que sai de mim. Não me preocupo muito sobre o estilo, sobre o que está bombando no momento”, comentou.
Por ter uma pegada diferente, Dórea diz saber que não vai agradar todos os públicos, mas que buscou produzir o melhor trabalho possível para aqueles que se permitirem dar uma chance de escutar suas composições. “São aqueles que busco alcançar com minhas canções”, explicou.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos