Histórias em quadrinhos também podem ser consideradas literatura? Para autores e fãs, sim. Na tarde deste sábado (10), no Largo Tereza Batista, durante a Feira Literária Internacional do Pelourinho, a Flipelô, os apaixonados pelos contos ilustrados tiveram um cantinho especial para discutir e até paparicar criadores da cena baiana.
As histórias de Maurício de Sousa são uma unanimidade para os aficionados pelos quadrinhos. Para Mariana, os gibis fazem parte da sua vida desde a infância.
"Comigo começou com Turma da Mônica, foi a primeira coisa que eu li na minha vida. Então eu aprendi a ler com quadrinhos e desde criança eu nunca parei de ler quadrinhos", afirmou.
Pensando em suas próprias experiências, assim como aconteceu com ela, a bióloga diz que o contato com HQs ajuda a incentivar a leitura desde a infância.
"Acho que essa aproximação é fundamental para que se desenvolva esse contato com a leitura. O quadrinho pode servir muito para apresentar a leitura para a criança", explicou.
Renan, também biólogo, ressalta a importância de se apoiar a cena baiana comprando HQs, além disso, explica que veio coletar autógrafos de seus autores favoritos.
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"O orçamento do mês vai todo pra quadrinho quando tem esses eventos. E o bom é que a gente descobre um cenário local, daqui de Salvador. E ele está crescendo demais. Eu até trouxe alguns quadrinhos que eu já tinha pra o pessoal assinar", explicou.
A importância da representatividade
Um desses criadores é Anderson Shon, que estava presente no evento divulgando seu quadrinho 'Estados Unidos da África', publicado pela Bebel Books.
O projeto foi concebido originalmente como um livro em prosa, mas ganhou novos contornos com as ilustrações de Daniel Cesart.
O quadrinho foi o primeiro a ser lançado na Academia de Letras da Bahia nos mais de 100 anos de sua existência e narra o surgimento do Rei Bantu, um super-herói camaronês que busca unificar o continente africano.
Para Anderson, a HQ é importante para a representatividade negra dentro desse gênero literário.
"A ideia de fazer o meu super-herói sendo negro, africano, é pra que eu e que e todas as crianças consigam crescer se sentindo representadas por seres super-heróicos", mencionou.
A Bahia nas HQs
Alana Vilas Boas, a Dyo, também veio divulgar sua obra na Flipelô. Publicada independentemente, sua HQ 'Vade Retro' é de terror, se passa em sua cidade, Feira de Santana, e conta a história de um baterista de uma banda de rock, uma investigadora e um demônio rodeados por atividades paranormais.
Dyo revelou que uma das inspirações para criar a trama foi a falta de obras similares que fossem ambientadas em sua cidade natal. Ela ainda explicou a importância de se quebrar estereótipos com histórias de gêneros não convencionais no território nordestino.
"Quando a gente vai ver uma história que se passa no Nordeste, sempre é uma coisa mais vamos falar sobre o Nordeste, e não sobre as pessoas de lá. E aí eu pensei, seria muito legal se tivesse uma história de fantasia, de terror, passando na minha cidade, seria muito interessante", ressaltou.