A partir desta sexta-feira (25), no Parque de Exposições, começa a 30º edição do Bon Odori, um festival de cultura japonesa que rola anualmente em Salvador. O evento, que vai até domingo (27), reúne os amantes do mundo nerd e influenciadores de todas as regiões da cidade. Dentre esses apreciadores, está o colecionador Agenor Santana, dono do perfil @pipoqueirasnerd. Ele frequenta a festa há três anos e alega estar otimista com o evento.
“As expectativas para esse ano é de que seja um evento bem maior que o do ano passado, por já não estarmos mais em pandemia”, afirmou. Agenor abriu as portas de sua casa para o MASSA!, em Pau da Lima, e mostrou a sua poderosa coleção de itens geek que junta desde a infância. Ele começou com revistas em quadrinhos da Turma da Mônica e do Homem-Aranha. “Quando menino, eu costumava guardar o dinheiro da merenda para comprar quadrinhos”, relembrou.
Nessa época, a presença das bancas de jornais era muito forte, sendo o único lugar onde você poderia encontrar esses quadrinhos. “Em toda esquina existia uma banca de jornal. Isso fazia com que todo mundo tivesse acesso a esse tipo de produto”, argumentou. Com a quase extinção das bancas e a popularização da internet, houve uma transformação no modo de como você consegue esses itens. “Agora você não consegue ter mais tão rápido em suas mãos. É preciso comprar e esperar chegar, além de pagar o frete”, lamentou.
Em 2019, ele teve a ideia de começar a publicar fotos de seus achados no Instagram. Sua primeira publicação foi sobre uma coleção de carros da Hotwheels. “Postei uma foto de um carrinho dos Flintstones e causou aquela nostalgia. A partir disso, comecei a comprar uma coisa aqui e outra ali, e fui postando”, detalhou. Assim, Santana encontrou em Salvador outras pessoas que tinham a mesma paixão. “Descobri que a galera já fazia isso pela internet, eu não era o primeiro”.
Atualmente, sua coleção soma mais de 200 peças, contando com canecas, chaveiros, action-figures e, é claro, pipoqueiras. “No início, tive a ideia de colecionar brindes de cinema relacionados aos filmes. Então comecei a comprar essas pipoqueiras”. Como colecionador, Agenor alega que gosta de ter algo físico das obras que acompanha, por ser um modo de ter um pedacinho dessas produções dentro de sua casa. “É uma forma de deixar a memória de minha infância viva”, finalizou.
Prática vista com maus olhos?
Embora a cultura nerd esteja ganhando cada vez mais adeptos, ainda existem pessoas que não veem essas produções com bons olhos. Agenor pontua que ainda acontecem casos das pessoas questionarem seu hobby. “Olham e dizem que é maluquice”, revelou. O influenciador argumenta que esse tipo de comentário não é feito para pessoas que colecionam outras coisas. “Alguém que expressa não curtir esse tipo de coleção, é o mesmo cara que compra todas as camisas que são lançadas para o time dele”, pontuou.
Apesar disso, ele demonstra não ligar para as críticas e continua seguindo com sua coleção.”Faço de conta que não estou ouvindo. O dinheiro é meu, quem paga sou eu”, completou. Por fim, ele também fez questão de deixar um recado para a galera que tem algum tipo de passatempo que é considerado diferente. “Postem suas paixões nas redes sociais. Mesmo que você ache que não tem alguém que curte aquilo, você vai descobrir que existem pessoas que gostam assim como você”, finalizou.
Episódio traumático
Mesmo amando o que faz, houve um momento em que Agenor decidiu se afastar da vida de colecionador. Isso rolou depois de um episódio desanimador na sua infância. Na época, ele colecionava apenas revistas. Os quadrinhos ficaram guardados em um armário de sua antiga casa, local que seu pai acabou por alugar. Certo dia, a inquilina tirou as HQ’s do local onde estavam guardadas, sob a justificativa de que elas estavam trazendo traças para suas roupas.
“Ela não me avisou para eu ir retirar, ela retirou e deixou na área. Veio uma chuva e molhou tudo”, revelou. Eram em torno de 200 revistinhas, incluindo algumas edições que ele não conseguiu reencontrar até hoje. “Na época eu era menino, disse que não queria mais saber de falar com ela”, relembrou com risos.
Após esse episódio, ele só voltaria a colecionar seis anos depois, quando assistiu o primeiro filme do Homem-Aranha lançado em 2002. “Foi a partir dai que eu vi que é disso que eu gosto”, explicou.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos
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