Exuberância, liberdade e representatividade são as palavras-chave para definir os looks dos manos e das minas que cruzarão o 'Black Carpet' do Festival Afropunk Bahia. O público da segunda edição do evento, que ocorrerá neste fim de semana, sábado (18) e domingo (19), no Parque de Exposições, em Salvador, promete entregar não apenas um visual marcante, conhecido como "O Close", mas também a essência do povo preto em suas produções para o festival, que celebra a cultura negra por meio da arte e música.
Em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!, João Gabriel Mota, Coordenador de Conteúdo e Co-curador do Afropunk Bahia, discutiu a estética do evento e o papel da moda como instrumento para expressar a cultura negra.
"Um ponto que sempre surge quando falamos da relação da moda com o evento é que as pessoas negras se vestem para o AFROPUNK imaginando um mundo em que o racismo não é um fator que guia suas escolhas. Ali, as pessoas negras entendem a moda como uma das formas de estarem em contato com sua ancestralidade e, de certa forma, de desenhar futuros possíveis a partir dela. Nos dois dias do festival, a partir, também, dos códigos de vestimenta, é estabelecida uma espécie de utopia, em que turbantes, tranças, penteados e incontáveis adereços posicionam cada um dos Afropunkers num espaço de exaltação de suas jornadas único", declarou João Gabriel, acrescentando que a moda é um dos pilares-base do festival e que também se manifesta através dos afroempreendedores.
Black Carpet 2023
A jornalista Maira Passos, de 23 anos, afirmou que vê no Afropunk a oportunidade de expressar um estilo de moda que não consegue na sua rotina, além de fortalecer os afroempreendedores, vestindo e usando peças pensadas e desenvolvidas por pessoas negras. Ainda durante o bate-papo, ela revelou detalhes dos looks que irá usar nesta edição.
"Minhas inspirações vêm em duas vertentes: (1) roupas leves que consigo usar em outras ocasiões, mas que sempre tenham o 'afro' bem representado através de detalhes, seja em acessórios de formatos orgânicos inspirados em África (braceletes, brincos, colares, búzios, lenços), tranças ou na estampa da roupa mesmo; e (2) roupas que estejam ligadas ao movimento punk dentro da comunidade negra. Aqui, a cor preta se destaca bastante, mas com acessórios que remetem à identidade de África (principalmente através de adereços)", afirmou a jornalista.
Já o atendente comercial Jadson Santos, de 29 anos, pontuou que a herança cultural expressa por meio da moda está mudando conceitos visuais, ressaltando a ancestralidade e dando empoderamento para as pessoas. Por fim, ele também contou detalhes do look que irá usar para desfilar no 'Black Carpet'.
"Ao criar o look para o Afropunk 2023, em parceria com a cúpula (assinante do look), buscamos referências nos anos 70/80, época em que a cultura preta se destacou na moda, com cores vibrantes e diversas formas de vestir. A moda entra na minha vida como um instrumento de inspiração para outras pessoas pretas", finalizou.