Lançado em 1982, A Cor Púrpura se tornou um sucesso atemporal. O livro retrata com fidelidade os horrores vividos por uma mulher negra em meados de 1900, tendo que lidar com o machismo e racismo que constituíam aquela época. Nesta quinta-feira, o livro ganha uma adaptação em musical com a chegada de A Cor Púrpura nos cinemas.
O longa acompanha quatro décadas da vida de Celie, uma jovem negra que precisa conviver com os abusos de seu pai. Sua vida piora ainda mais quando é obrigada a se casar com o diabólico Albert, um abusivo senhor de terras. Porém, quando tudo parecia perdido, a vida de Celie passa por uma reviravolta e ela recupera a esperança de conseguir conquistar a tão sonhada liberdade.
Como a premissa já indica, A Cor Púrpura é uma história forte recheada de momentos impactantes. A obra não se segura na hora de demonstrar o quão cruel era a sociedade daquele tempo. Carregando um forte teor de drama, o filme acaba emocionando o público em vários momentos. E não é apenas a história de Celie que gera isso, mas a de todo o elenco de figurantes.
Por falar neles, todos os personagens secundários carregam suas próprias motivações e arcos dramáticos. Cada ator desempenha seu papel de forma excelente, ao ponto de todos os personagens conseguirem despertar emoções no público, sejam elas boas ou ruins. Entretanto, esse também é o ponto negativo do enredo. Por ter muitas subtramas, o roteiro não dá conta de desenvolver todas da melhor forma possível.
Um elogio merecido vai para a ambientação. Desde os figurinos até a cidade, tudo é construído de uma forma que teletransporta o público para aquela época que está sendo retratada. Como a história abrange 40 anos da trajetória de Celie, é muito interessante como a própria personagem e o mundo ao seu redor vão sofrendo modificações conforme o decorrer das décadas.
A Cor Púrpura é um grito contra as mazelas que ainda são enfrentadas pelas mulheres negras nos dias de hoje. A produção mostra de forma crua o quão terrível é um casamento abusivo, além de retratar temas como religiosidade, sexualidade e liberdade. O fato de uma história que se passa em 1900 conversar tanto com o mundo atual só mostra o quanto a sociedade ainda precisa avançar no que diz respeito à luta por igualdade.
Diferenças entre o novo e o antigo
Muito antes dessa nova versão, A Cor Púrpura já tinha adaptação para os cinemas de 1985. Com direção de Steven Spielberg, a obra foi aclamada como um dos melhores filmes daquele ano e se consagrou como um clássico. Com uma concorrência como essa, era difícil o remake conseguir ser superior.
A principal diferença é no tom das duas versões. Por ser um musical, o novo longa conta com um tom mais leve em algumas sequências se comparada com o filme de Spielberg. Porém, as músicas não pioraram em nada a qualidade do mesmo, até porque, A Cor Púrpura havia ganhado um musical em 2004 — e que serviu de inspiração para essa nova versão.
Outra diferença é na recepção da crítica. Enquanto a produção antiga concorreu a 10 categorias no Oscar, o remake está na corrida apenas por uma estatueta, com Danielle Brooks concorrendo a Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel como Sofia.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos