
O capixaba Pedro Costa, de 32 anos, é um baiano deslocado que, mesmo não tendo nascido na terra do Axé Music, sente o gênero musical correndo em suas veias. Visitando Salvador pela segunda vez nesta semana, após gravar a música Intacto com a Banda Eva, ele contou como sua carreira se cruzou com o grupo, que é sua maior referência no axé e que revelou grandes nomes, como Ivete Sangalo e Saulo Fernandes.
Em conversa com o Portal MASSA!, Pedro revelou que o convite para gravar o feat, que acumula mais de 100 mil reproduções somente no YouTube, surgiu após encontrar Felipe Pezzoni, vocalista da Banda Eva, no camarim da micareta Vital, no Espírito Santo, em 2024. Foi ali que o capixaba recebeu o apoio do soteropolitano e teve contato direto com a banda que é sua referência musical.
"A Eva representa talvez a minha maior influência dentro do Axé Música, pelo gosto musical e pelas várias ocasiões em que esteve com Ivete Sangalo e Saulo, sempre com um refinamento muito forte, e isso não mudou com o Felipe. Além de ser uma realização pessoal, foi a realização musical da minha vida. Transcendeu a parte musical, envolveu várias esferas, uma memória afetiva da minha infância", afirmou o artista.
Artista mira na renovação do gênero musical
Desbravando a Bahia, Pedro acredita que quem canta Axé Music fora do estado precisa se aprofundar para entender a essência e as raízes do ritmo. Quando perguntado sobre o que deseja transmitir ao público baiano que ainda não conhece seu trabalho, ele foi direto ao ponto: quer ser uma renovação dentro do gênero.
"Minha mensagem é de renovação, sabe? De músicas que às vezes estão em outros nichos e segmentos, mas que têm a brasilidade e a percussão baiana como base. Não quero cantar o axé retrô, mas trazer um refrigério, algo novo para o segmento. Apaixonado como sou pela música baiana, tento ser um pontinho de modernização dentro disso. Quero mostrar verdade, originalidade, e quero somar com a música baiana, se não for muita pretensão da minha parte".
Axé não morreu, só precisa se unir

Sobre o discurso de que o axé morreu, Pedro tem opinião clara. Para ele, o ritmo segue vivo, com muitos artistas espalhados pelo Brasil, mas enfrenta o desafio da falta de união para se renovar e crescer. "Muito dessa história de que o axé morreu... Não culpo ninguém, mas a galera se desmotivou, parou de fazer conexões, se dividiu. É um discurso piegas, mas a galera precisa se unir se quiser realmente fazer um movimento, se entender como parceiros e não como inimigos", disparou.
Axezeiro desde pequeno
A paixão de Pedro Costa pelo Axé Music começou ainda na infância, influenciada principalmente pelo pai, Antônio Carlos, que teve bandas com músicos baianos. "Meu pai cantava em trio elétrico. Eu cresci ouvindo axé e até no jeito de falar eu tenho um pouco do sotaque da Bahia por causa dele e pela convivência com músicos baianos. Meu pai já foi dono de banda e levava muitos músicos da Bahia para lá, então respirei muito [essa cultura]", contou Pedro.
Além da herança familiar, suas referências musicais também abrangem outros nomes importantes. Ele cita o cantor Djavan como uma influência pela capacidade de se comunicar, através da música, tanto com a elite quanto com a grande massa.
No universo do axé, a maior inspiração de Pedro é a Banda Eva, grupo que o ajudou a moldar seu estilo. Ele também reconhece a presença dos agudos e do jeito de tocar violão do cantor Tomate (Tom Kray) em sua música, além de apontar grupos como Timbalada, Araketu e Olodum como influências fundamentais em sua formação musical.