
No cinema, para retratar uma experiência real de forma verossímil é essencial consultar alguém que tenha vivido aquilo na pele. Esse conceito pode parecer óbvio, mas faz total diferença.
Por exemplo, ao produzir um longa sobre algum esporte, é fundamental que algum atleta daquela área esteja envolvido na produção da obra. É justamente isso que diferencia F1, que chega hoje aos cinemas, de outros filmes de corrida.
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Um dos produtores do longa é Lewis Hamilton, o que acaba impactando na forma em como o universo da Fórmula 1 é retratado dentro da obra. Existe toda uma atenção aos detalhes do esporte, como seu conjunto de regras, a maneira como as escuderias funcionam e até mesmo a participação de alguns pilotos reais em muitas cenas.
A obra consegue levar o espectador a um verdadeiro mergulho no que é ser um piloto.
Além de todo esse apelo para a parte técnica, outra coisa que chama a atenção é o principal rosto do filme. Brad Pitt mais uma vez entrega uma boa atuação, dando vida a um veterano das corridas cheio de carisma.
O ator divide o protagonismo com Damson Idris, que interpreta um jovem piloto cheio de ambição. A dinâmica conflituosa entre os dois é boa de se acompanhar, apesar do desenvolvimento do personagem de Idris demorar para acontecer.

Outro ponto positivo é a direção de Joseph Kosinski. Depois do sucesso de Top Gun: Maverick, o diretor consegue conduzir mais uma obra capaz de tirar o fôlego. É possível perceber muitas semelhanças entre o filme protagonizado por Tom Cruise e o novo trabalho de Kosinski. A principal delas está na dinâmica do cara mais velho que retorna a ativa para ensinar a alguém mais novo.
Assim como acertou nas cenas de voo em Maverick, o diretor também “pilota” as sequências de corrida em F1 com maestria. Apesar de ter muitos momentos fora da pista, as cenas dentro dos circuitos são carregadas de emoção. Além do trabalho de Kosinski, vale ressaltar a trilha sonora do icônico Hans Zimmer, que entrega mais um trabalho memorável .
F1 não é uma cinebiografia, mas tem um compromisso com a realidade impressionante. O filme se destaca por ser uma homenagem sincera ao esporte. A trama é simples e até previsível, mas o carinho depositado na obra eleva o filme para outro patamar.
Apelo para um novo público
Apesar de ser esporte tradicional, a Fórmula 1 passou um bom tempo sem ter um forte apelo para o público mais jovem. Tudo mudou em 2019, quando a Netflix produziu a série Drive to Survive, que acompanhava os bastidores por trás das corridas.
A obra trazia uma roupagem de reality show para o mundo do automobilismo e foi responsável por despertar o interesse de muita gente no esporte. Além de ser extremamente bem produzido, F1 tem a capacidade de ter um impacto parecido com o de Drive to Survive.
O filme consegue explicar de forma natural o básico que alguém precisa saber para amar o mundo das corridas. Além disso, também é nítido o respeito que a trama tem para a história da categoria e seus ícones.
Um exemplo disso é a forma como Ayrton Senna é mencionado, sendo introduzido como uma lenda do automobilismo e até fazendo uma breve aparição.