Fruto de um acaso, a carreira musical de Tom Dantas se provou um sucesso mundial. O cantor, que mora em Paris há quase 20 anos, se tornou um dos maiores propagadores da cultura baiana na Europa. Este mês, ele retorna para a Bahia com seu novo trabalho, chamado Um Tom a Mais Nos dias 18, 19, 20 e 21 de outubro, o músico se apresenta no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que acontece no Centro de Convenções de Salvador.
Nascido em Itabuna, o baiano levava uma carreira promissora no futebol. Começou jogando na divisão de base do Atlético Mineiro e logo se profissionalizou. Depois de várias lesões no joelho direito, Tom precisou se afastar dos campos. “Foi uma notícia muito triste. Fiquei muito mal durante meses”, comentou em entrevista ao jornal MASSA!. Desolado, o então jogador não fazia ideia do que o destino reservava.
Certo dia, ele encontrou um violão que foi esquecido no restaurante de sua família. Foi a partir desse encontro inesperado que Dantas começou a se aprofundar no mundo da música. “Nada foi previsto. Foi tudo por acaso”, completou. Depois disso, começou a estudar pelo Youtube, mas admite não ter esperado que sua vida fosse mudar por completo. “Nunca imaginaria que meus caminhos fossem levados a ser um artista profissional”, assumiu.
Sua vida artística começou com apresentações em bares e restaurantes. O grande ponto de virada aconteceu em 2018, quando realizou um show ao lado do cantor Pablo. “Quando ele me chamou para cantar e eu senti que era uma banda profissional, com um grande palco e público, aquilo ali foi um divisor de águas”, explicou.
Seu estilo é inspirado por grandes nomes baianos, como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa. “Minha infância na Bahia foi o que me direcionou a cantar o que eu canto”, revelou. Porém, morando na França, precisou enfrentar o obstáculo de conseguir levar essa cultura para um lugar que conhece pouquíssimo sobre as produções brasileiras. “Eles só querem ouvir samba ou bossa nova”, desabafou.
Pensando nisso, surgiu “Um Tom a Mais”, que mescla múltiplos ritmos brasileiros. “Colocamos coisas novas. Saímos um pouco da Bahia e colocamos um pouco do Rio e de São Paulo”, destacou. Embora tenha sido um desafio realizar essa mistura, o cantor garante que o público vai gostar. “Podem esperar um trabalho lindo e com muito amor”, finalizou.
Um baiano na Europa
A relação do cantor com o país estrangeiro começou antes mesmo de sua carreira musical. Porém, embora viva lá desde 2003, ele admite que o processo de mudança não foi fácil.
“Foi muito difícil e uma adaptação demorada. Confesso que até hoje nunca me adaptei ao frio” reconheceu. Além disso, ele também comentou que sente saudade de seu lugar de origem. “Nossa música, alegria e carnaval. Tudo isso faz muita falta”, detalhou. Outro empecilho foi a diferença de idiomas e cultura. O músico afirma que, ao chegar em um país estrangeiro, é ideal você “mergulhar com todas as forças” no idioma. Para isso, ele compartilhou um truque que o ajudou no início. “O segredo é assistir muita televisão, que é um grande professor, e estudar”, instruiu.
Superação do passado
Apesar de estar decolando na música, o início de sua trajetória foi marcado por um grande trauma. Tom estava em ascensão no futebol, carreira que levava por sua vida toda.
“Não imaginava o que seria minha vida dali pra frente, porque até então eu só sabia jogar”, pontuou. Ele recorreu a diversos profissionais da medicina, incluindo Gérard Saillant, responsável por operar a lesão no joelho do jogador Ronaldo, sofrida em 2000. “Ele me deu a notícia que a medicina não poderia oferecer mais nada para mim”, lamentou.
Apesar disso, hoje em dia Dantas demonstra ter superado toda essa história e afirma que, se pudesse mudar o passado, teria feito escolhas diferentes. “Eu teria entrado na música desde sempre, não teria desviado para o futebol”, opinou.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos