Imagine poder tirar do papel e levar para as telas suas grandes ideias, seus pensamentos e maneiras de ver a vida? Histórias que fazem sentido, que têm muito a contribuir para a sociedade, seja pela reflexão, seja pelo entretenimento - ou os dois. Esse é o trabalho do baiano Elísio Lopes Jr.
Dramaturgo e roteirista, Elísio sempre esteve entre a arte e a comunicação. Embora tenha começado a escrever para os palcos, os caminhos profissionais foram se desenhando para o mundo audiovisual, onde escolheu ficar. “Cheguei ao meu lugar de encontro mais ideal, que é a produção de conteúdo ficcional”, conta.
Foi nessa história de escrever aquilo que, em tese, não existe, o roteirista encontrou a possibilidade de falar sobre a realidade. “Durante muito tempo a população preta do Brasil não foi autora da sua própria história, foi personagem da história contada pelos outros”, diz. “Então quando eu consigo ter a possibilidade de construir uma narrativa e contar a história pelos meus olhos, é o início da possibilidade de eu ser um agente”, explica.
Assumindo o papel de agente, Elísio Lopes é um dos nomes que assinam o roteiro de um dos mais recentes sucessos do cinema nacional, o filme Medida Provisória. “Um dos objetivos do meu trabalho é levar os meus olhos”, explica o roteirista quando comenta a razão do filme ter repercutido tão bem. “O filme bateu porque tem um atrito com a realidade. A questão racial não é um problema dos pretos, é um problema do país; então o filme interessa a quem está dos dois lados”.
E se a especialidade dele é trazer à pauta o que ele vive, nada mais especial que estar no projeto da continuação do memorável “Ó Paí, Ó”, cujas filmagens encerraram há poucos dias. Para Elísio, que foi convidado pelo Bando de Teatro Olodum para fazer parte desse trabalho, a experiência de estar nos bastidores dessa obra é ver pulsar um referencial de negritude. “É um desafio grande mostrar o que a gente avançou ou não em 15 anos. Foi um trabalho de muitas mãos e o filme consegue se atualizar, traz uma nova geração de atores negros, um novo frescor de argumentação”, diz.
'Canto ao Tempo' tem a cara da Bahia
Em mais uma obra que celebra cultura e diversidade, Elísio também está na equipe de produção de um especial para o Canal Bis, da Rede Globo, que reúne cantoras baianas em um projeto inédito. Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Larissa Luz e Majur vão compartilhar com o público um pouco desse universo. “São cinco cantoras de gerações diferentes da música baiana, com olhares diferentes para a música, para falar justamente sobre o que é ser cantora, ter o microfone na mão, os desafios de puxar um trio elétrico”, detalha Elísio. “Estreia agora em novembro e eu acho que vai ser muito interessante ouvir essas falas tão potentes”, conclui.
Estreia em novelas
Depois de colocar o nome em tantos sucessos, Elísio vai, pela primeira vez, viver a experiência de uma obra aberta. Ele colabora com o roteiro de “Amor Perfeito”, próxima novela das 18h da Globo. O baiano foi convidado pela autora da obra, Duca Rachid, e aproveitou a oportunidade para viver um novo desafio na carreira. “É uma novela linda, clássica, que conta uma história que eu acho que terá extrema relevância”, detalha Elísio, que destaca que, mesmo sendo uma novela de época, Amor Perfeito terá características diferentes. “Minha participação também me permitiu influenciar no quesito da diversidade, da construção de perfis, personagens e do próprio elenco, a fim de fugir dos estereótipos mais clássicos dos lugares que nós temos ocupado na teledramaturgia”, conta. Produto de muito sucesso no Brasil, as novelas costumam criar fortes laços com o público. Para Elísio, o olhar na construção de horas diárias que esse trabalho consome é para isso. “Eu sei que é algo que vai entrar todos os dias nas casas das pessoas, precisa fazer sentido. Não pode estar distante da realidade”, diz.
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