A segunda entrevistada da nossa série “Donas do Pagodão”, que aborda o sucesso das backing vocals do ritmo baiano, é dona de uma voz que ganhou muito destaque recentemente. Andressa Santos, da banda O Metrô, viralizou nas redes sociais com a música “4 Horas da Manhã”. Diferente das outas back dances, Andressa não dança durante os shows, sendo responsável apenas pela parte vocal. “A galera fala que minha voz é bem diferente das outras meninas”, citou.
Sua carreira musical começou por causa de um imprevisto. A artista já mantinha relações com a banda por já ter sido sua produtora porém, certo dia, o grupo precisou de uma voz feminina, e Andressa se voluntariou. “Aconteceu de precisar gravar um CD e não ter backing, então eu falei ‘Se quiserem eu posso dar essa ajuda’”. A partir daí, surgiu uma parceria que continua até os dias de hoje.
Embora o pagode tenha uma notável presença da sensualidade, seja nas letras ou nas danças, a cantora prefere seguir outra pegada. “A linha das backing vocals é algo mais sensual. Eu vou em uma linha totalmente contrária, não tenho essa sensualidade”. Ela explica que por ser alguém mais reservada prefere não optar por esse caminho. “Não julgo o estilo, mas eu não faria porque tenho muita vergonha”, afirma.
“Ela sempre foi uma menina muito tranquila, muito tímida”, reforçou Bruna Machado, amiga de infância da back. Elas se conheceram ainda crianças por causa da amizade de suas famílias. Bruna admitiu que não esperava ver Andressa cantando em cima dos palcos. “Eu não acreditei quando ouvi, porque na visão que eu tinha ela nunca iria subir em um palco para fazer aquilo. Fiquei super impactada”, assumiu.
Bruna também revelou que ajuda sua amiga a superar as diversas críticas que sofre. “Apoio ela na questão psicológica, porque existem muitas críticas em relação a como ela se veste”, comentou. A causa desse hate é o fato da cantora não se expor durante as apresentações. “Ela não é uma back que se sexualiza em cima do palco. Nos shows ela só mostra o talento dela, a voz”, completou.
Por fim, ela também acredita que por Andressa ser uma pagodeira diferente, ela pode servir como inspiração para outras garotas, representando um certo “empoderamento feminino” no meio do pagode. “Acredito que futuramente muitas pessoas vão se espelhar nela, por ela mostrar que para ser uma back não precisa necessariamente estar no palco se sexualizando”.
Cantora e dançarina de valsa
Embora Andressa opte por não dançar enquanto se apresenta, ela já tem uma história com a dança. Antes de começar sua trajetória no pagode, a cantora já era conhecida em seu bairro por dançar valsa. “Ela já era conhecida no bairro porque, antes dela ser back e estourar na Bahia toda, ela dançava valsa. Depois que veio a banda, a galera abraçou ela mais ainda”, revelou Bruna. Entretanto, o talento na dança acabou sendo deixado de lado para dar lugar ao talento na música.
Pagodeira e guerreira
Um outro lado da artista que o público não deve conhecer é o de mãe. Andressa diariamente tem que conciliar sua vida nos palcos com sua vida materna. “Ela é uma ótima mãe. Ela cuida do filho direitinho, não só do filho, toma conta também da avó e da tia. Eu vejo ela com muitas responsabilidades familiares e isso é surpreendente, demonstra que você pode ser uma mãe de família e também trabalhar com o que gosta”, comentou Bruna.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos