Uma das primeiras back-dances de pagodão, Negra Japa faz sucesso nas redes sociais e há anos lida com as dores e delícias de estar em frente aos holofotes. Quando a palavra ‘cancelamento’ ainda nem era usada para falar sobre as perseguições e linchamentos no ambiente virtual, ela já recebia ofensas gratuitas e comentários machistas devido à sua profissão.
Segundo Negra Japa, que faz parte da banda 'La Fúria', o ódio sem motivo só tem crescido e se espalhado com o passar do tempo. “Sempre fui muito julgada pelo estilo de música que danço, pelo que canto, mas os ataques ficaram cada dia piores”, desabafou ela em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!.
Recentemente, muitos influenciadores e personalidades baianas, que trabalham na internet, se sentiram abalados após a trágica morte de Rodrigo Amendoim. Vítima do mesmo comportamento agressivo de alguns internautas, Negra Japa relembrou da maneira que foi criticada durante um dos momentos mais difíceis que passou na vida.
Dor na pele e na alma
Era abril de 2019 quando a back-dance foi surpreendida com golpes de faca e teve o pulmão perfurado. O caso aconteceu no bairro de Itapuã e a autora do crime foi a companheira de um homem que Negra Japa se envolveu sem saber que era comprometido.
Enquanto passava cerca de 10 dias internada no Hospital Municipal de Salvador, ela era constantemente detonada na internet, “principalmente por mulheres e homossexuais”. O bombardeio de mensagens negativas afetou o emocional dela, que já estava abalado, e só pioraram a situação.
“Naquele momento eu estava com uma pessoa que dizia ser solteiro e fui apunhalada pelas costas pela companheira dele, cheguei em estado de vida ou morte no hospital, e mesmo depois de tudo eram pouco para inúmeras mulheres e homens”, lamentou.
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Negra Japa ficou cerca de 1 mês e meio longe dos palcos, que é seu ganha pão, e sente as sequelas do cancelamento até hoje: “Vivi e vivo dias ruins, porque volta e meia sempre alguém recorda desse assunto. Muitos nem querem ouvir a sua verdade, e mesmo que seja verdade eles não querem saber”.
A jovem também disse que os perfis de fofoca na internet contribuem para o linchamento virtual, porque inflamam os seguidores a falar sobre determinados assuntos. “As páginas de fofoca inclusive são umas das principais a incentivar o ódio. Certos tipos de comentários são por indução”, opinou.