Há 24 anos na estrada, a banda Flor de Maracujá é reconhecida como uma das mais tradicionais nos festejos de São João, tanto dentro quanto fora da Bahia. Em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!, os vocalistas Jean e Nanda compartilharam os preparativos para a festa e discutiram suas visões sobre a participação de artistas de outros gêneros nos eventos juninos. E como cereja do bolo, contaram o segredo que tem permitido à banda atravessar gerações.
"Sempre temos as melhores expectativas. Começamos a nos preparar antes do São João, a partir de novembro, dezembro, quando fazemos as seleções de músicas para lançar. Em fevereiro, já estamos ensaiando e montando o repertório para dar o pontapé inicial em março. Todo ano é aquela expectativa, parece que é o nosso primeiro ano", afirmou Nanda. "Este ano teve um diferencial, pois tivemos que começar as preparações antes, já que o carnaval foi no início de fevereiro", acrescentou Jean.
Preparativos para o Sanju
Ao se preparar para mais uma temporada de São João, a Flor de Maracujá traz consigo uma seleção especial de músicas que prometem embalar os amantes do forró, fazendo-os dançar coladinhos e arrastando o pé até o amanhecer. Entre elas, destaca-se a canção Apavora a minha mente, a música de trabalho deste ano.
"Temos o prazer de dizer que recebemos, desde o ano passado até este ano, músicas lindíssimas, que falam sobre amor, amores não resolvidos, ou até aquele amor que você já desapegou. E uma das músicas que a gente recebeu com tanto carinho foi essa música, Apavora Minha Mente, que remete a esses amores que terminam a relação, mas o sentimento permanece. A gente dorme pensando na pessoa e às vezes fala assim, 'para de apavorar a minha mente, sai da minha vida'", afirmou Nanda, revelando que o videoclipe da música será lançado ainda neste mês.
Cabem outros ritmos no São João?
Em seguida, a banda avaliou visão sobre a presença de artistas de outros gêneros musicais "invadindo" a grade de shows dos eventos de São João. "É um tema um pouco complexo de abordar, porque se formos parar para pontuar que o São João é apenas forró, não podemos reclamar também da necessidade do forró no carnaval. Eu só acho que precisa haver um equilíbrio, sabe? Acredito que no São João muitas vezes se perde o controle ao colocar 70% [de artistas de outro gênero]", opinou Nanda.
"Já vi agendas de São João em cidades do interior da Bahia onde a maior parte da programação era de outros estilos. Imagine você indo para uma praça no dia 23 de junho, com sua família, vestindo trajes típicos de São João, camisa quadriculada, e, de repente, encontrar todos os estilos musicais, exceto o forró? Então, acredito que pode, sim, na minha concepção, outros estilos se apresentarem no São João, até porque a Bahia, o Nordeste, é um celeiro musical, aberto para todos os estilos musicais, mas acho necessário ter esse controle", acrescentou a cantor.
Rotina de show e família
Nanda e Jean falaram como gerenciam a carreira, especialmente durante o período movimentado do São João, quando há um aumento significativo de apresentações, conciliando a rotina com os familiares. Eles revelaram que adotam a estratégia de levar alguns familiares para os shows, porém destacaram as preocupações com os riscos da estrada, o que os impede de levá-los a todos os eventos.
"Às vezes dá para levar a família. Nanda normalmente leva alguns familiares dela quando a gente vai fazer um show que dá para levar. Eu também, aqui no estado, tenho minhas irmãs, já que sou do interior, de São Felipe, do Recôncavo. Então, meus pais moram lá, tenho irmãs lá, mas aqui também eu tenho. Aí sempre que dá, a gente leva no show", contou Jean.
"No caso de estrada, eu acho que já é um pouquinho mais complicado de você levar. Porque além de ser um trabalho, a gente sabe o que a gente passa pelas estradas, os perigos que a gente enfrenta. E você levar um familiar. Então, alguns momentos bacanas, quando a gente tem show aqui em Salvador, a gente traz, eu levo meu marido, minha mãe", acrescentou Nanda.
Segredo do sucesso
Por fim, os vocalistas da Flor de Marajá revelaram que "manter as origens" é o segredo que mantém a banda atravessando gerações e conquistando o coração de pessoas de todas as idades.
"A gente vai se reinventando, né? Acho que a palavra é essa. Tanto que sempre dizemos: 'pô, a Flor de Maracujá faz um baile de forró'. Tocamos tanto os forrós tradicionais, inserindo uma batida diferente, quanto fazemos essas releituras, ao tocar essas músicas novas que estão aí. Então, basicamente é isso. Vamos nos reinventando ao longo dos anos, sem esquecer de nossas origens", finalizaram.
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