
Raquel dos Teclados foi diagnosticada com autismo (Transtorno do Espectro Autista) recentemente, aos 42 anos. A cantora baiana, que falou sobre o assunto pela primeira vez em agosto deste ano, revelou à coluna Sabendo com Vini, do Portal MASSA!, que ficou em choque com o diagnóstico e comentou sobre o nível de autismo e o tratamento que está sendo realizado.
“No começo foi um choque, eu confesso. Mas logo depois veio um alívio enorme, porque finalmente entendi que eu não era grossa ou arrogante, como muita gente dizia. Eu só funcionava de uma forma diferente, e as pessoas não entendiam isso. Hoje, depois do diagnóstico, eu consigo lidar melhor com as situações, sei como reagir de uma forma mais consciente e, com isso, também passo a ser melhor interpretada. Isso tem feito uma diferença muito grande na minha vida”, declarou Raquel dos Teclados.
Buscando entender seus comportamentos

A cantora explicou que passou a buscar compreender alguns comportamentos após receber observações de pessoas do seu convívio.
“Há pouco mais de um ano, algumas pessoas que entraram no meu ciclo de convivência começaram a perceber certas coisas em mim e sugeriram que eu poderia estar dentro do espectro. Foi quando eu resolvi investigar, buscar informações e ajuda profissional. Até então eu nunca tinha parado pra pensar nisso, eu só achava que era o meu jeito mesmo. Mas a partir daí comecei a entender que havia algo além, que merecia ser olhado com mais cuidado”, relatou.
Diagnóstico ainda em investigação

Raquel dos Teclados afirmou que ainda não há um diagnóstico fechado sobre o seu nível de autismo. “Esse processo ainda está em investigação. Eu tenho feito acompanhamento, mas de acordo com o que minha agenda de shows permite, então é um pouco mais lento. Mesmo assim, tem sido um processo muito acolhedor pra mim, de autoconhecimento e de paz. Cada passo me ajuda a me entender melhor e a respeitar os meus próprios limites".
A cantora explicou que tem sido acompanhada por psicólogo e participa de terapias que têm lhe ajudado a lidar com as pessoas, principalmente com os fãs, com os quais ela tinha receio de se relacionar. Com isso, tem se sentido mais segura para interagir.
“Sim, já iniciei acompanhamento psicológico e terapias voltadas pro entendimento do TEA. Isso tem me ajudado a me preparar melhor, inclusive para os momentos com o público. Sempre gostei muito de receber o carinho das pessoas, mas antes eu tinha um certo receio de descer do palco, de não saber como reagir. Não era medo das pessoas, era medo de como eu ia lidar com tudo aquilo. Hoje, com a terapia, eu consigo me sentir mais segura, mais próxima de quem me acompanha, e isso tem sido libertador”, declarou.
Por fim, Raquel dos Teclados destacou o desafio de conciliar a rotina intensa da música com os cuidados voltados à sua saúde emocional e neurodiversidade.
“Não é fácil, porque a rotina da música é muito intensa, mas eu tenho pessoas incríveis ao meu redor que me apoiam. A minha equipe, que é praticamente uma família, tem me dado suporte, compreensão e incentivo nessa nova fase. Isso faz toda a diferença, porque eu sei que não estou sozinha”, completou.
TEA em adultos
A cantora Raquel dos Teclados, diagnosticada com autismo aos 42 anos, é um exemplo do aumento de adultos identificados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Esse crescimento é impulsionado pela maior conscientização e pelo aprimoramento dos diagnósticos. Pela primeira vez, o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu uma pergunta sobre o tema, revelando que 2,4 milhões de brasileiros foram diagnosticados com TEA, o que corresponde a 1,2% da população. Embora o censo não tenha focado apenas em adultos, a inclusão da pergunta é um marco crucial para visibilizar essa população, que antes não tinha dados oficiais.
Atendimento gratuito e especializado para pessoas com TEA em Salvador

Na Bahia, especialmente em Salvador, há diversos serviços públicos dedicados ao atendimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), oferecendo suporte gratuito e especializado. O principal centro é o Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA), localizado no Largo do Campo Grande, nº 36. Este centro oferece atendimento multiprofissional, incluindo terapias, psiquiatras e neuropediatras, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 9h e das 13h às 14h, para cadastro na fila de espera. É necessário apresentar um relatório com suspeita ou confirmação do diagnóstico para iniciar o processo de atendimento.
Além do CRE-TEA, a cidade conta com outras unidades que oferecem atendimento gratuito a pessoas com TEA. O Centro de Prevenção e Reabilitação do Portador de Deficiência (Cepred), situado na Avenida Antônio Carlos Magalhães, realiza ações de prevenção e reabilitação para pessoas com deficiência, incluindo aquelas com TEA. O Instituto Bahiano de Reabilitação (IBR), localizado em Ondina, também oferece serviços especializados para pessoas com autismo.
Para obter informações adicionais ou realizar encaminhamentos, é possível entrar em contato com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) através do telefone (71) 3115-4000 ou pelo e-mail [email protected]. Esses serviços visam garantir o acesso a cuidados especializados e promover a inclusão social das pessoas com TEA em Salvador e em todo o estado da Bahia.