
“Vamos começar nossa viagem pela memória afetiva do Carnaval”. Foi assim que Ricardo Chaves anunciou o início do desfile do MUDEIdeNOME, movimento musical formado por ele, Jonga Cunha, Ramon Cruz e Magary Lord, no último dia do Carnaval de 2025, um ano marcado pelos 40 anos da Axé Music.
Os foliões que seguiram a "PIPOCA DO MUDEI" no Circuito Osmar Macedo (Campo Grande-Avenida) aproveitaram as últimas horas da folia com o mesmo entusiasmo do primeiro dia, revivendo a energia dos antigos carnavais, que o MUDEI tem como propósito resgatar.
A abertura do desfile aconteceu ao som de "Ajayô". Aos primeiros acordes desse clássico de Luiz Caldas, o público foi se juntando atrás do trio/pranchão até formar um mar de gente ao entrar na avenida, todos vibrando juntos a alegria do verdadeiro Carnaval. A jornada musical seguiu com grandes sucessos que marcaram a história da folia na Bahia, como "We Are The World of Carnaval", "Eva", "Bota Pra Ferver", "Selva Branca", "Que Arerê" e "Chame Gente".
O MUDEIdeNOME se destacou em mais um Carnaval pela valorização do Circuito do Campo Grande, o primeiro circuito do Carnaval de Salvador. O grupo reafirmou a importância de manter viva a tradição do Carnaval do centro, que, ao longo dos anos, tem sido deixada de lado. O grupo mostrou que manter o Campo Grande vivo é necessário para preservar o Carnaval. Ricardo Chaves destacou na avenida: "Só faltava gente com coragem para pegar a música do axé raiz e tirar todo mundo de casa para voltar para a avenida".
A festa seguiu com Magary Lord puxando, "do fundo do baú", o "Tema do Cheiro de Amor", que foi entoado com entusiasmo pelo público. Em seguida, Ricardo exaltou a força do axé: "O Carnaval de Salvador nunca mais foi o mesmo depois de um refrão que mudou a história da música de rua do mundo". Com uma contagem regressiva, Magary puxou "Faraó", do Olodum, levando os foliões a um momento de pura emoção.
O ponto alto ficou para o encerramento. Com a despedida do Carnaval 2025, ao som de "Baianidade Nagô", hino dos carnavais de Salvador, foliões e artistas entoaram a canção quase como um grito de resistência e celebração das raízes do Carnaval.
Ricardo Chaves também apontou a necessidade de revisão do Furdunço, no pré-Carnaval, movimento criado pelo MUDEIdeNOME e pela prefeitura, que cresceu muito ao longo dos anos. "O Furdunço precisa ser repensado, e eu digo isso com propriedade, em nome do MUDEIdeNOME, porque nós criamos o Furdunço junto com a prefeitura, quando ainda éramos o Alavontê. Hoje ele está muito grande, com muitas atrações e trios gigantescos, e perdeu um pouco da sua origem. Mas são coisas que, se pudermos colaborar, vamos colaborar".