
A cantora e compositora baiana Mariana Reis está com tudo e não está prosa! Acaba de lançar o videoclipe “Samba na Alma”, que já chegou às plataformas digitais consagrado com o prêmio de Melhor Narrativa no Festival MATE (Música, Arte, Tecnologia e Educação), em Portugal. A cerimônia de premiação ocorreu no último dia 23, no Convento São Francisco, em Coimbra, mesma data em que o clipe foi lançado mundialmente.
“Samba na Alma” vai além de um registro musical: é um manifesto audiovisual que mergulha nas raízes do samba para narrar uma história de resistência, empoderamento feminino e reconexão com as origens. Concebido e dirigido pela própria artista durante a pandemia, o trabalho funciona como uma “carta para o futuro”, nascida de um sonho ancestral que inspirou uma jornada espiritual e poética.
A narrativa conduz Mariane pelas ruas do Pelourinho, bairro onde cresceu e que considera uma fonte inesgotável de memória e inspiração. “A canção me traz de volta para o meu lugar. É sobre resgatar a história da minha família, que tentaram apagar, mas eu sobrevivi para contar. O Pelourinho, com todas as suas contradições, ainda guarda viva essa memória”, reflete.
Um dos momentos mais emocionantes do clipe é o reencontro simbólico com duas figuras fundamentais em sua trajetória: Aloísio Menezes e Portella Açúcar. Foi Portella quem apresentou a arte a uma jovem Mariane, levando-a às primeiras aulas de dança e mostrando o poder transformador da cultura. Em uma cena emblemática, três crianças que representam os três artistas, cruzam a escadaria onde eles estão sentados, simbolizando a passagem do tempo e o elo entre passado, presente e futuro.
Herdeira de uma linhagem de sambistas, neta de Dona Deoclécia e filha de Dona Santinha, Mariane traz no timbre e na emoção da voz o eco de sua ancestralidade. Sua trajetória começou nas bandas de lata do Pelourinho, passou pela percussão do Olodum, onde foi descoberta por Neguinho do Samba e alcançou projeção nacional como backing vocal da dupla Claudinho e Buchecha. Toda essa vivência se reflete em sua obra, que une herança cultural e contemporaneidade.
O clipe “Samba na Alma” integra o segundo álbum autoral da artista e também dá nome ao seu show, um espetáculo vibrante que celebra a força da mulher, o samba e a resistência cultural afro-brasileira. No palco, Mariane apresenta um repertório dançante e inspirador, com músicas como “Pele negra”, “Pra recomeçar” e “Samba na alma”, verdadeiros hinos de autoestima e liberdade.
“É um convite para se libertar na calmaria do samba, essa energia ancestral que pulsa da Bahia para o mundo”, define.
Natural do Pelourinho, em Salvador, Mariane Reis é cantora, compositora e percussionista. Seu trabalho autoral é enraizado no samba e no partido alto, abordando temas como empoderamento feminino, ancestralidade e resistência cultural. Desde 2011, vive entre Brasil e Itália, onde atua como difusora da música brasileira e da cultura afro-baiana, agora reconhecida com um prêmio internacional.
