Se tornando cada vez mais comum entre os jovens, a asfixia erótica, prática de enforcar o parceiro ou parceira durante o sexo, pode levar ao ápice do prazer, mas também à morte. Para aqueles que arriscam e gostam de um sexo mais 'violento' e selvagem, há maneiras de apimentar a relação introduzindo a prática, de forma mais segura, sem prejudicar a saúde do outro.
À coluna Na Cama Com o Massa!, a educadora sexual Raquele Carvalho destacou os principais cuidados que se deve tomar com a prática sexual que pode ser fatal, trazendo alertas e curiosidades sobre o fetiche que vem crescendo e se tornando comum.
“A asfixia erótica é uma prática sexual que existe há muitos séculos e envolve limitar o fluxo de ar para aumentar o prazer durante o sexo, sendo feita de diversas formas: desde pressionar a garganta, popularmente conhecido como enforcamento, e também como usar ligadores no pescoço, ou ainda aplicar mecanismos que limitam a respiração”, iniciou a especialista.
A prática, apesar de prazerosa para alguns, é muito perigosa e pode ter sérias consequências para a saúde. Isso porque, durante o ato, acontece a privação de oxigênio, podendo causar sérios danos ao cérebro e aos órgãos, resultando até em uma morte acidental, como já foram registrados casos de mulheres que ao serem asfixiadas por seus companheiros, durante o sexo, acabaram morrendo.
Todas as fatalidades ou péssimas experiências envolvendo esta e outras práticas violentas no sexo estão atreladas à falta de informação. Quando realizada de forma correta, o fetiche pode se tornar prazeroso e seguro. Um dos fatores que contribuem para a veiculação de informações equivocadas e errôneas é o aumento do consumo de pornografia.
Pornografia leva jovens a sexos mais violentos
Um estudo realizado por uma das principais pesquisadoras sobre comportamento sexual dos Estados Unidos, a acadêmica Debby Herbenick, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Indiana, apontou que o sexo entre jovens de 18 a 34 anos tem se tornado mais violento, por conta das práticas sexuais muitas vezes adquiridas pelo fácil acesso à pornografia online.
“O acesso à pornografia pode, de fato, influenciar na percepção de prática de alguns fetiches. Poder acessar esse conteúdo que está ali, com fácil e rápido acesso, podendo acessá-lo de qualquer lugar, a qualquer momento, acaba acarretando no consumo de uma informação que não é filtrada e selecionada. Muitas vezes, quem consome essa informação não tem discernimento sobre o que é certo ou errado”, alertou a educadora.
Há maneira segura de realizar a asfixia erótica?
A resposta é sim, desde que seja realizada com extremo cuidado. Alguns fatores colaboram para que a prática que traz prazer seja concluída com sucesso e realmente ofereça uma sensação de prazer ao parceiro, e não desconforto e risco à saúde.
1. Pesquise
De acordo com a especialista, o primeiro passo é pesquisar sobre a prática, para ter um conhecimento prévio. “É crucial saber sobre o assunto, saber sobre a prática, os riscos, até para poder decidir se, de fato, é interessante continuar com essa vontade”, explicou.
Através da pesquisa, garanta também um maior conhecimento sobre os métodos mais adequados para a prática. “Buscar saber quais são os métodos. Como fazer, o que fazer exatamente, o que pode ser utilizado, até onde isso pode ser utilizado, até onde isso vai gerar um desconforto, até onde vai gerar prazer”, alertou.
2. Preze a comunicação
Outro fator necessário, é a comunicação entre os parceiros. “A comunicação tem que ser muito clara, muito honesta com a parceria. Esclareça sobre seus limites, sobre sua expectativa, sobre as preocupações. Todos os envolvidos devem estar muito seguros. Então, saber, buscar, pesquisar, e respeitar o limite do outro, para depois ver se vai se jogar nessa prática”, apontou.
3. Estabeleça um ‘sinal de segurança’
Que a prática realizada de forma incorreta e precipitada pode ser fatal para alguém, já sabemos. Mas, como evitar que a asfixia em prol do prazer ocasione, de fato, na limitação do ar, causando maiores danos à saúde?
Para isso, outro fator importantíssimo é estabelecer um ‘sinal de segurança’ com seu parceiro. Saiba alertá-lo a hora de parar. E você, saiba respeitar e obedecer o sinal. Tudo isso vem de uma comunicação clara na relação. “Precisa ter um sinal de segurança muito claro que possa ser usado caso precise interromper a prática muito rápido. Para isso, escolha alguém que você confie, alguém que você tenha segurança para o ato”, acrescentou.
4. Atente-se aos sinais corporais
Além da necessidade do sinal de segurança ser estabelecido entre o casal, outro fator importante é: atentar-se aos sinais corporais de quem está sendo asfixiado eroticamente. Em casos de mudança da cor da pele, ou comportamentos de inconsciência, é necessário rapidamente interromper o ato.
“Se mudar a cor da pele, ou de repente alguma questão no olho, é necessário parar. É preciso saber até onde dá para seguir com o ato e saber reconhecer os limites”, finalizou Raquele Carvalho.