Falar de sexo, como um todo, já é difícil para alguns, mas tratar de sexo na terceira idade, às vezes, é rola um tabu gigantesco. O que é preciso ter conhecimento é de que a vida sexual não para após os 60. Na verdade, em meio aos grandes desafios da terceira idade, podem surgir novas descobertas.
Apesar das mudanças fisiológicas e limitações, a sexualidade na terceira idade é a continuação de tudo o que já foi vivenciado anteriormente, e assim como em todas as outras fases da vida adulta, a falta do sexo pode ser prejudicial. Ao Massa!, o geriatra Rafael Marque Calazans, formado em Geriatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), falou um pouco sobre o assunto.
“Quando a gente envelhece, existem mudanças fisiológicas naturais, redução de massa muscular, alterações imunológicas, alterações neurohormonais, mudanças mesmo no perfil cerebral, neurotransmissores, e naturalmente a percepção do sexo pode alterar com tudo isso. Sem contar que no envelhecimento é mais comum a gente ter doenças neurológicas, cardiovasculares, dentre outras. É comum também a gente fazer uso de medicações e tudo isso pode impactar na vida sexual”, iniciou.
Na fase idosa, as mulheres podem enfrentar uma baixa hormonal após a menopausa, que influencia na libido, na lubrificação da vagina, e consequentemente na falta de sexo. Já para o homem idoso, é mais comum que as doenças cardiovasculares impactem, por exemplo, na disfunção erétil.
A relação sexual nesta fase da vida pode trazer grandes benefícios aos idosos. “Os benefícios do sexo na terceira idade podem ser vários. Os que eu trago são benefícios em saúde mental e na relação de um casal, desde que o sexo faça sentido, seja agradável para ambos, e não tenha riscos, ele sempre poderá trazer benefícios. Quando fizer sentido, será algo que sempre será valorizado e estimulado”, explica o geriatra.
Principais cuidados
É importante ter em mente que um dos cuidados principais que a pessoa idosa deve ter durante a Hora H são todos aqueles que já são recomendados durante toda a vida, e mais alguns como ‘plus’. Mesmo que na vida idosa não seja muito comum a relação com novos parceiros, é importante seguir com o alerta às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
O acompanhamento regular ao médico vai ser essencial nesta fase da vida. Mulheres idosas geralmente apresentam dificuldades com a lubrificação natural, e tudo isso pode ser resolvido com o auxílio de um lubrificante, ou em casos mais graves, com um tratamento específico para o diagnóstico.
Os homens nesta fase da vida apresentam problemas com disfunção erétil e possuem uma maior tendência a problemas cardíacos. Todos esses diagnósticos podem ser tratáveis, e não irão impedir uma pessoa idosa de manter uma vida sexualmente ativa.
Como manter o sexo ativo na terceira idade?
Antes de partir para a Hora H, é importante prezar pelo bem-estar e estar com a saúde em dia. Feito isso, vamos para o que interessa. Chegou a hora das dicas para manter o sexo ativo na vida idosa. Pega o caderno e anote aí:
Primeiro: não tenha pressa! Já ouviu dizer que a pressa é inimiga da perfeição? Então, no sexo não é diferente. Antes de partir para a penetração, invista nas preliminares, se toque. Para os homens, é importante estimular o pênis antes da penetração, uma vez que a ereção se torna um pouco mais difícil na idade avançada.
As mulheres não devem ficar por trás nessas horas. É importante se tocar, usar e abusar de brinquedos sexuais, e também dar uma ‘ajudinha’ aos parceiros nesse momento. Toda ajuda é bem-vinda.
Caso se sintam confortáveis e confiantes, apostar em novas posições pode ser uma boa, desde que tenha muito cuidado. E um dos principais pontos que irá auxiliar na manutenção sexual na terceira idade é a visita regular ao médico, para que, caso haja futuras complicações, como disfunção erétil ou secura vaginal, haja recomendação do tratamento necessário.