O período das festas de verão, das férias e o Carnaval acendem um alerta para o aumento da incidência das infecções sexualmente transmissíveis (IST). A maior exposição ao sexo casual e sem proteção aumenta o risco dessas infecções causadas por vários agentes infecciosos, como vírus, fungos, protozoários e bactérias. Muitas vezes silenciosas, as IST estão entre as principais causas da infertilidade.
“Algumas IST, como a Clamídia e Gonorreia, podem não apresentar sintomas inicialmente e isso acaba dificultando o diagnóstico precoce e facilitando sua disseminação. Ambas podem ser altamente prejudiciais à saúde reprodutiva do homem e da mulher”, explica a médica Giuliana Gatto, especialista em Reprodução Humana do Cenafert - Centro de Medicina Reprodutiva, localizado em Salvador.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 25% dos casos de infertilidade são causados pelas infecções sexualmente transmissíveis. As IST podem causar danos no aparelho reprodutor nos dois sexos e levar à infertilidade. Nas mulheres, elas podem provocar obstrução das trompas, impedindo a gravidez pelo processo natural ou causando a gravidez ectópica (gravidez nas trompas). Nos homens, a gonorreia e a clamídia são capazes de causar obstrução dos canais por onde transitam os espermatozóides – os condutos deferentes.
No Brasil, a incidência das IST’s em jovens tem avançado consideravelmente nos últimos anos. “Os jovens estão deixando de usar camisinha e esse comportamento de risco é um dos grandes responsáveis pela alta incidência dessas doenças”, explica a médica. “Um jovem que contrai uma infecção sexualmente transmissível no início da sua vida sexual pode ter que conviver com sequelas para o resto da vida”, acrescenta. Segundo dados do Ministério da Saúde 56,6% dos brasileiros entre 15 e 24 anos usam camisinha com parceiros eventuais.
Prevenção é o caminho
Além de estarem entre as principais causas da infertilidade, as infecções sexualmente transmissiveis podem desencadear outras complicações sérias como aborto, problemas neurológicos, doenças cardiovasculares, doenças neonatais e até mesmo o câncer do colo do útero devido à infecção persistente por alguns tipos de HPV, podendo levar à morte. As IST, principalmente as que causam feridas, também aumentam o risco de transmissão do vírus HIV / Aids. “O uso de camisinha ainda é a melhor forma de prevenir não apenas essas doenças e suas complicações, mas também uma gravidez indesejada”, destaca Giuliana Gatto.
Algumas medidas são essenciais para a prevenção das IST. “A vacina contra o HPV e o sexo seguro reduzem o risco de contrair essas infecções”, explica a especialista que também lembra da importância da prevenção primária através dos exames preventivos de rotina. “O Papanicolau, por exemplo, pode identificar precocemente alguma infecção assintomática e evitar o seu agravamento ou a transmissão para outras pessoas”, explica Giuliana Gatto.
Ao notar qualquer sintoma na região genital, como feridas, bolhas, verrugas, inchaço, secreção, mal cheiro, ardência ou coceira, dor pélvica ou mesmo dor no ato sexual, é importante parar de ter relação sexual e buscar um médico, imediatamente. O parceiro deve ser informado para que faça uma avaliação médica também. Quando é diagnosticada alguma IST, o tratamento deve ser realizado simultaneamente pelos parceiros.