Abre o corredor, sai da frente, abaixa, lá vem os “homi”, capacete branco na área, vem pra cá, espera, corre, não corre… Agonia é pouco, fio. Desespero, medo, angústia, temor. Chame como quiser. Só sei dizer que a passagem das tropas de segurança pelo circuito da Micareta de Feira de Santana (e aqui falando especificamente para não fugir do tema) é um verdadeiro paradoxo porque a sensação de tranquilidade, sossego e segurança passa a quilômetros de distância do povo quando as tropas brotam na avenida.
Pra começar, as caras amarradas. Essa galerinha trabalha forçada, só pode. Já entram na fila emburrados. Parece menino quando a mãe obriga a tomar suco de beterraba com jenipapo. A infelicidade vem estampada nas faces e não tem capacete, máscara ou batom que consiga disfarçar o ódio de estar ali “cuidando da tranquilidade da folia”.
E ai de quem esbarrar, trupicar, encostar ou ousar falar com os brabos. É pau na certa. “Fantada” nas costelas, na canela e/ou no ombro, empurrão sem pena. Seja homem, menino, mulher, menina, até os coroas e trabalhadores caem no safarro. As palavras “licença” e “beleza” não passam nem perto do vocabulário dos fardados. Cai na porrada mesmo, e ai de quem fizer bico e ousar reclamar. Tá duvidando? Vai nas redes sociais dos veículos que cobriram os quatro dias da festa pra ver as imagens. Depois me conta se eu estou mentindo.
Na passagem do Kannário, por exemplo, a raiva que a tropa tem do cara foi claramente descontada na galera. E olhe que a pipoca estava recheada de gurizinhos, cadeirantes e vovozinhas. Na passagem de Tony Salles, então, o chamado da música foi atendido ao pé da letra e eles “desceram a madeira”. Era cacetete e cacetada pra todo canto.
Não desmerecendo o trabalho das polícias, mas já passou da hora dessa postura de truculência ser repensada. Sorrir e ser gentil para o público não tira pedaço e nem diminui a autoridade. Já passou da hora das forças de segurança serem vistas e bem-quistas como protetores dos cidadãos de bem, e não como um grupo que deixa a gente com mais medo quando chegam do que os próprios bandidos.
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