
A XXIII Copa ASKAC Open de Karatê reuniu cerca de 600 pessoas na manhã deste domingo (30) no Colégio Municipal Edam, em Castelo Branco. O evento celebrou não apenas o talento dos atletas, mas também o impacto social do projeto liderado pela Associação de Karatê Adilson Charles (ASKAC), que completa 24 anos de atuação na comunidade.
Leia Também:
As comemorações pelo aniversário da instituição seguem o ritmo das conquistas recentes. No último dia 21, a ASKAC celebrou mais de duas décadas de trabalho voluntário voltado à formação esportiva e cidadã de crianças, jovens e adultos da região. Em 2025, a associação também alcançou o heptacampeonato baiano ao conquistar o sétimo título consecutivo do Campeonato Baiano de Karatê, além de garantir 24 medalhas no Campeonato Brasileiro realizado em Gravatá (PE).
À frente da associação está o Sensei Adilson Charles, de 54 anos, que possui 38 anos dedicados ao karatê e 25 de trabalho voluntário no bairro. Ex-aluno da Escola Arlete Magalhães, o mestre conta que o desejo de formar outros jovens surgiu ainda na adolescência, quando se tornou faixa preta.
“Voltei para a escola que me formou com o sonho de transformar vidas através do karatê. E até hoje seguimos firmes nesse propósito. Já formamos alunos que hoje são advogados, professores, enfermeiros”, afirmou, emocionado.
O karatê mudou a minha vida, e hoje eu procuro devolver isso à comunidade.
Sensei Adilson Charles
Aulas semanais gratuitas!
O projeto atende crianças a partir dos 4 anos, com aulas gratuitas aos sábados. Um dos critérios exigidos para participação é que o aluno esteja matriculado na escola. No fim do ano, os três atletas com melhores notas recebem o “Boletim de Ouro”, reforçando o incentivo à educação.
As entrevistas com alunos e responsáveis confirmam a dimensão social do projeto. Um dos casos citados por Adilson é o de dois jovens que chegaram indisciplinados e com dificuldades escolares. Hoje, um é advogado com registro na OAB e a outra atua como legista no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues.

Para Gustavo Damasceno, 25 anos, faixa preta e enfermeiro, o karatê foi fundamental para sua formação pessoal e profissional. “Aqui a gente aprende respeito, disciplina e espírito de corpo. Os valores que recebi nesse projeto moldaram a pessoa que sou hoje. A gente aprende a não abaixar a cabeça diante das dificuldades”, afirmou.
A transformação também alcançou famílias inteiras. Iris Santos, mãe de um atleta, relatou que conheceu o projeto em meio a uma crise familiar.
“O karatê mudou tudo na nossa vida. Meu filho trocou as amizades, mudou o comportamento e a postura. O esporte abraçou ele quando a gente mais precisava. Não penso em tirar ele daqui nunca.”
Já Taiane Assis, publicitária, matriculou o filho no karatê para ajudá-lo com a disciplina. O menino está na associação desde os 4 anos. “O esporte transformou não só a vida dele, mas a nossa como família. O exemplo arrasta, e o karatê trouxe a disciplina que meu filho precisava".
Dona de casa e atleta
Outro destaque do evento foi Daiane Jesus, 36, dona de casa e mãe de dois filhos, que começou a praticar karatê há apenas sete meses. Incentivada pelo filho e pelo próprio sensei, ela já acumula títulos: foi campeã baiana e brasileira.
“Eu nunca imaginei isso na minha vida. Comecei sem pretensão e hoje sou apaixonada pelo esporte. Para muitas mulheres que acham que não é para elas, eu digo: pratiquem".
O esporte salva.
Daiane Jesus
A Copa ASKAC reuniu competidores da categoria Fraudinha, voltada às crianças de 4 anos, que participam da brincadeira "pega-faixa", até atletas da master. Ninguém volta para casa sem medalha: mesmo aqueles que não alcançam o pódio recebem a medalha de participação, reforçando o caráter inclusivo do evento.
Para o sensei Adilson, a competição é uma ferramenta para consolidar os valores que o projeto ensina diariamente. “Nosso maior objetivo é formar caráter. O respeito, o autocontrole e a ética são fundamentais. O esporte resgata vidas, e enquanto Deus me der força, eu vou continuar com esse projeto.”
A XXIII Copa ASKAC Open demonstrou o papel do esporte como instrumento de transformação social. Ao longo de 24 anos, o projeto não apenas ensinou karatê, mas se tornou ponto de apoio emocional, social e educativo para centenas de famílias em Castelo Branco e bairros vizinhos.
* Sob a supervisão da editora Amanda Souza
