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Dia do Trabalhador - 01/05/2025, 06:45 - Amanda Souza

Vida nada doce: baleiro faz corre diário para se tornar médico

Melquizedeque Paixão chega à Estação da Lapa às 5h e sai às 19h

Melquizedeque Paixão é de origem quilombola
Melquizedeque Paixão é de origem quilombola |  Foto: Denisse Salazar/Ag. ATARDE

Mesmo na falta de emprego, Melquizedeque Paixão não foge do trabalho. Graduado em Educação Física, o rapaz, de 40 anos, ainda sonha em cursar Medicina e, para isso, foi à luta: trabalha como baleiro, na Estação da Lapa, em Salvador, para juntar uma grana.

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Melquizedeque é de origem quilombola, nasceu em Simões Filho, e ainda adolescente veio para Salvador estudar. “Meu pai sempre disse que era a prioridade”, contou. O sonho de cursar Medicina, no entanto, parecia distante.

Ele caminhou para outra área, cursou Educação Física e, apesar do diploma, nunca conseguiu emprego formal na área. O desejo de ser médico, outrora adiado, o impulsionou a estudar novamente. Mas a rotina de estudos precisou dividir espaço com o trabalho para sustentar a casa onde vive com a mãe.

Imagem ilustrativa da imagem Vida nada doce: baleiro faz corre diário para se tornar médico
Foto: Denisse Salazar/Ag. ATARDE

“Eu estudei muito, fiz o Enem muitas vezes e já cheguei a ter média de 800 pontos”, contou. “Em 2020 consegui a 15ª colocação do vestibular da Uneb, mas eram apenas 12 vagas. Passei em outras da rede privada, mas a mensalidade era R$ 10 mil , impossível pra mim”, contou.

Foi com essas negativas que ele ampliou os horizontes e foi buscar o sonho fora do país - e conseguiu! O baiano conquistou bolsa em três universidades: em Cuba, na Argentina e no Uruguai. Agora, o desafio é juntar a grana necessária para apostilar documentos necessários, passaporte e visto (no caso de Cuba) e as passagens; o custo total gira em torno de R$ 8 mil.

Vislumbrando o futuro

Melquizedeque garante que ele está em busca de uma oportunidade. “Eu não quero dinheiro, quero estudar. Dinheiro a gente gasta, conhecimento é pro resto da vida. Então estou em busca de pessoas que possam me ajudar a conquistar essa oportunidade”, disse. Ele conta que chega às 5h na Lapa, sai às 19h.

Imagem ilustrativa da imagem Vida nada doce: baleiro faz corre diário para se tornar médico
Foto: Denisse Salazar/Ag. ATARDE

Para estudar, usa livros, já que não tem computador, e para acessar a internet no celular conta com a ajuda do vizinho, que disponibiliza o wi-fi. Tudo isso para seguir os caminhos de grandes médicos. “Eu me inspiro em dois médicos: Ernesto Carneiro Ribeiro e Juliano Moreira”, disse. “E sonho em me formar para ser um médico do povo, um médico que olhe pelas comunidades quilombolas, pelo povo preto. Quero atender nas ruas, ajudar pessoas que são como eu. É assim que vejo o futuro”. Quem tiver interesse em ajudá-lo pode entrar em contato no telfone (71) 98605-7903.

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